AMOR NÃO É DOENÇA É A CURA
Já falei aqui que meu
intuito era escrever sobre temas positivos, leves...Mas não é
tempo de calar. Escrevo sobre o que me toca e sobre o que tem ressonância
dentro de mim. E como brasileira tenho visto a cada dia, direitos conquistados
irem ralo abaixo, assim como a ética política.
Por isso sem pedir
permissão alguma vou logo avisando que meu texto é um grito. Um grito ensurdecedor contra o juiz da 14ª Vara Federal no Distrito Federal, Waldemar Cláudio de
Carvalho, que assinou uma liminar que autoriza psicólogos a oferecerem terapia
de “reversão sexual, a famosa cura gay que algumas igrejas já usam como
ferramenta.
Mas se faz necessário frisar aqui que esse ser humano é apenas a
ponta de um iceberg chamado preconceito e de sobrenome desrespeito. Somos uma
sociedade afinada com o preconceito, aprendemos dentro de casa a banalizar a
dor que o outro possa sentir com as nossas ações. Fazemos piada para justificar
um ódio ali, outro acolá.
Desde 1990 a Organização mundial de saúde( OMS) tirou a homossexualidade
da lista de doenças. Tal liminar ao meu ver, e de muita gente que se pronunciou
contra, abre uma brecha ainda maior para que os homossexuais sejam vistos com a
lente pesada do preconceito. Dar aval para que muitos “armários continuem
fechados”. E convenhamos, isso infla o preconceito de apoios teóricos.
E por outro lado, já é tão dificil assumir-se homosexual nesse
país, imagine a partir do momento em que isso virar uma patologia. Eu sei que
muita gente preconceituosa que nesse momento ler esse texto deve está pensando:
E se fosse a filha dela?
Ainda faltam muitos anos para minha filha descobrir a sua
sexualidade, mas posso afirmar desde então algo que sempre falo quando o tema é
esse: Se o caminho dela for esse irei acolher porque amo e o verdadeiro amor
não joga pedras. As pedras e os canhões ja vivem ativos do lado de fora da casa.
E que mãe ou pai é esse que joga um filho para fora de casa, ou que deixa os
cachões entrarem em seu lar? Isso tem outro nome, não é amor e o que todos nós
precisamos de verdade é um pouco mais desse sentimento no nosso cotidiano.
E eu não podia terminar esse texto sem mandar mil flores e
abraços imaginários aos meus amigos e amigas gays. Amo vocês! Essa causa também
é minha!
Micheline Matos
Jornalista, fotógrafa, mãe de menina e de cachorros...Hoje
indignada com os retrocessos que assolam o Brasil.