sexta-feira, 22 de setembro de 2017

COLUNA DA MICHELINE MATOS - Amor não é doença é cura


AMOR NÃO É DOENÇA É A CURA

Já falei aqui que meu intuito era escrever sobre temas positivos, leves...Mas não é tempo de calar. Escrevo sobre o que me toca e sobre o que tem ressonância dentro de mim. E como brasileira tenho visto a cada dia, direitos conquistados irem ralo abaixo, assim como a ética política.

Por isso sem pedir permissão alguma vou logo avisando que meu texto é um grito. Um grito ensurdecedor contra o juiz da 14ª Vara Federal no Distrito Federal, Waldemar Cláudio de Carvalho, que assinou uma liminar que autoriza psicólogos a oferecerem terapia de “reversão sexual, a famosa cura gay que algumas igrejas já usam como ferramenta.

Mas se faz necessário frisar aqui que esse ser humano é apenas a ponta de um iceberg chamado preconceito e de sobrenome desrespeito. Somos uma sociedade afinada com o preconceito, aprendemos dentro de casa a banalizar a dor que o outro possa sentir com as nossas ações. Fazemos piada para justificar um ódio ali, outro acolá.

Desde 1990 a Organização mundial de saúde( OMS) tirou a homossexualidade da lista de doenças. Tal liminar ao meu ver, e de muita gente que se pronunciou contra, abre uma brecha ainda maior para que os homossexuais sejam vistos com a lente pesada do preconceito. Dar aval para que muitos “armários continuem fechados”. E convenhamos, isso infla o preconceito de apoios teóricos.  

E por outro lado, já é tão dificil assumir-se homosexual nesse país, imagine a partir do momento em que isso virar uma patologia. Eu sei que muita gente preconceituosa que nesse momento ler esse texto deve está pensando: E se fosse a filha dela?

Ainda faltam muitos anos para minha filha descobrir a sua sexualidade, mas posso afirmar desde então algo que sempre falo quando o tema é esse: Se o caminho dela for esse irei acolher porque amo e o verdadeiro amor não joga pedras. As pedras e os canhões ja vivem ativos do lado de fora da casa. E que mãe ou pai é esse que joga um filho para fora de casa, ou que deixa os cachões entrarem em seu lar? Isso tem outro nome, não é amor e o que todos nós precisamos de verdade é um pouco mais desse sentimento no nosso cotidiano.

E eu não podia terminar esse texto sem mandar mil flores e abraços imaginários aos meus amigos e amigas gays. Amo vocês! Essa causa também é minha!

Micheline Matos
Jornalista, fotógrafa, mãe de menina e de cachorros...Hoje indignada com os retrocessos que assolam o Brasil.