domingo, 24 de setembro de 2017

COLUNA DO DR. JÚNIOR BONFIM - Raquel Dodge, Limoeiro do Norte, Eunício Oliveira...


COLUNA DO DR. JÚNIOR BONFIM


LIMOEIRO DO NORTE
No ano de 2008, o prefeito de Limoeiro do Norte, João Dilmar, ocupava a presidência da Associação dos Municípios e Prefeitos do Ceará – Aprece. Como era candidato à reeleição em seu município, pediu afastamento do cargo e o passou para o vice-presidente da associação, o então prefeito de Aurora, Carlos Macedo.
Na hora de discursar, Macedo pôs a mão no ombro de João Dilmar e disparou: “Pois é, meus amigos, como dizia Lampião, ‘quem foi e não é mais, é como se nunca tivesse sido”...
Após o evento, ao ser indagado por seu amigo Leonardo Macedo se Lampião houvera realmente pronunciado a tal frase, Carlos Macedo pontuou: “Confirmar que a frase é de Lampião eu não posso, mas que pegou bem, pegou”.

RAQUEL DODGE
Raquel Dodge, a nova Procuradora Geral da República, talvez quisesse dizer, em relação ao seu antecessor Rodrigo Janot, algo semelhante à inusitada frase cunhada por Carlos Macedo e creditada a Lampião. Mas não. Fez um discurso limpo, lúcido, sintético e simples. E concluiu assim: “Neste início de mandato, peço a proteção de Deus para que nos momentos em que eu for colocada à prova, não hesite em proteger as liberdades, em cumprir o meu dever com responsabilidade, em fazer aplicar a Constituição e as leis, para entregar adiante com segurança o legado que recebo agora, e que eu então possa dizer, parafraseando a grande poetisa Cora Coralina, de meu amado estado de Goiás, que contribuí para que haja “mais esperança nos nossos passos do que tristeza em nossos ombros.”” Raquel Elias Ferreira Dodge, goiana da cidade de Morrinhos, que cursou mestrado na famosa Universidade de Harvard, é conhecida como uma mulher discreta e cuidadosa, perfil que se encaixa naquilo que as pessoas esperam de uma guardiã da legalidade.

RAQUEL DODGE II
Foi na bela Florença - extraordinário patrimônio artístico, civilização secular, berço de Dante, autor da Divina Comédia e fundador da língua italiana, pátria do cientista político Maquiavel - é também a terra que deu ao mundo um dos maiores juristas italianos: Piero Calamandrei. Jornalista, jurista, político e docente universitário, Calamandrei escreveu uma obra simples, linda e preciosa: o livro “Os Juízes, Vistos Por Um Advogado”. Nesse livro, Calamandrei aborda diversas questões ligadas à essencialidade da Justiça sem descurar de seus atores principais: advogados, promotores e magistrados. Para ele, “Justiça não quer dizer insensibilidade; que o juiz, para ser justo, nem por isso deve ser impiedoso. Justiça quer dizer compreensão, mas o caminho mais direto para compreender os homens é aproximar-se deles com o sentimento”. Ao analisar os fiscais da Lei, pontua: “Entre todos os cargos judiciários, o mais difícil, segundo me parece é o do Ministério Público. Este, como sustentáculo da acusação, devia ser tão parcial como um advogado; e como guarda inflexível da lei, devia ser tão imparcial como um juiz. Advogado sem paixão, juiz sem imparcialidade, tal o absurdo psicológico, no qual o Ministério Público, se não adquirir o sentido do equilíbrio, se arrisca – momento a momento — a perder, por amor da sinceridade, a generosa combatividade do defensor; ou, por amor da polêmica, a objetividade sem paixão do magistrado”. Que a nova Procuradora incorpore e aplique o magistério do jurista de Florença.

EUNÍCIO OLIVEIRA
Com um discurso abrasado e salpicado de emoção, o Presidente do Senado, Eunício Oliveira, comandou a festa – na sexta-feira, 22 de setembro - que marcou a assinatura da ordem de serviço para o início das obras da Barragem Lago de Fronteiras, no município de Crateús e que beneficiará 200 mil pessoas da região. Ao lado do ministro da Integração, Helder Barbalho, Eunício se situou como membro da tríade que liberou as maiores obras hídricas da história do Ceará: Juscelino Kubistchek, que em 1961 autorizou a construção do Orós; Paes de Andrade, que em 1989 assinou a obra do Açude Castanhão e ele, Eunício, que quando assumiu a Presidência, em julho passado, autorizou o Lago de Fronteiras para Crateús. Após proclamar que não fazia política pequena, Eunício rememorou a própria trajetória e listou as principais ações que liderou: a Lei Eunício Oliveira, que aliviou as dívidas dos agricultores nordestinos; a idealização, enquanto Ministro, da TV digital; a aprovação da Lei da Vaquejada; etc. Garantiu que as agências bancárias que foram implodidas nos últimos meses serão, todas, devolvidas às respectivas comunas. 

LAGO DE FRONTEIRAS
Idealizado há quase três décadas (28 anos, mais precisamente), como meio para garantir segurança hídrica à região dos sertões de Crateús, o Lago de Fronteiras vai barrar as águas do Rio Poty (o único rio interestadual cearense), que nasce na Serra dos Cariris Novos, município de Quiterianópolis, e segue no sentido sul–norte, margeando Novo Oriente até a cidade de Crateús, onde flui no sentido sudeste–noroeste e desagua no Rio Parnaíba passando pela cidade de Teresina, Piauí. Segundo o Ministério da Integração Nacional, serão empregados ao todo cerca de R$ 294,4 milhões em recursos federais para a construção do Lago de Fronteiras, que terá capacidade para acumular 488 milhões de m³ de água.

PARA REFLETIR
“Quando alguém puder dizer em qualquer país do mundo: meus pobres são felizes, nem ignorância nem miséria se encontram entre eles; minhas cadeias estão vazias de prisioneiros, minhas ruas de mendigos; os idosos não passam necessidades, os impostos não são opressivos... quando estas coisas puderem ser ditas, então o país deve se orgulhar de sua Constituição e de seu governo.”. (Thomas Paine)