O empresário Joesley Batista – um dos donos do grupo J&F – e o diretor de Relações Institucionais do grupo empresarial, Ricardo Saud, decidiram se entregar à Polícia Federal (PF).
Os dois delatores da J&F querem se antecipar ao cumprimento do mandado de prisão expedido pelo ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
Um dos responsáveis pela defesa dos executivos da J&F, o advogado Pierpaolo Bottini disse ao G1 que a decisão de Joesley e Saud de se entregar é “uma possibilidade”, desde que os defensores sejam notificados oficialmente da ordem de prisão. Os dois delatores estão em São Paulo e teriam que se deslocar para Brasília para se entregar à PF.
Fachin autorizou a prisão temporária (de cinco dias) dos dois executivos da J&F, acolhendo um pedido de prisão apresentado, na última sexta (8), pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
O chefe do Ministério Público solicitou a prisão de Joesley e Saud após a descoberta do áudio de uma conversa de quatro horas entre os dois delatores da Lava Jato.
A prisão foi autorizada porque os dois executivos da J&F são suspeitos de omitir informações dos investigadores, o que quebra cláusulas do acordo.
O magistrado, entretanto, negou a prisão do ex-procurador da República Marcello Miller, suspeito de ter cometido crime ao, supostamente, auxiliar os dirigentes do grupo empresarial controlador do frigorífico JBS a fechar o acordo de delação premiada com a PGR.
Miller se desligou da carreira de procurador somente em abril, mas, na polêmica gravação entre Joesley e Saud aparentemente gravada por descuido, os dois delatores sugerem que o ex-auxiliar de Janot auxiliou os executivos do grupo empresarial a negociarem os termos da delação premiada com a PGR.
Uma semana depois de pedir exoneração do cargo, Miller já atuava em reuniões na PGR como advogado do escritório que negociou o acordo de leniência da J&F, uma espécie de delação premiada das empresas. Fachin, no entanto, não viu motivos para a prisão do ex-procurador da República.
O pedido de prisão de Joesley, Saud e Miller entrou no sistema eletrônico do Supremo com sigilo – não é possível saber o conteúdo, as razões que levaram a Procuradoria a fazê-lo e se há informações novas da investigação nesse pedido.
Fonte: G1