domingo, 4 de fevereiro de 2018

COLUNA DO JÚNIOR BONFIM - Observatório




Observatório
O baiano Sebastião Nery, jornalista que usa com maestria a espada da palavra, é o pai do folclore político. Suas colunas são, via de regra, emolduradas por histórias transmutadas em lendas pelo imaginário político popular.
Hoje rendemos a ele nossas homenagens.

Vejamos alguns sílabas do seu luminoso magistério:

Desde que o homem acendeu uma fogueira e com outros homens começou a conversar dentro da caverna, política é a arte do bem comum. Esta é a lição dos sábios, já no começo dos tempos. Platão, o velho grego, ensinou:
“- Não há nada de errado com quem não gosta de política. Simplesmente será governado por aquele que gosta”.

Aristóteles, o discípulo preferido, aprendeu a lição:
“- Política é a ciência da felicidade humana.”

Lá na frente Santo Thomaz de Aquino, gordo e sábio, reafirmava:
“- Política é a arte de formar homens e administrar visando o bem comum.”

Caminha a história e em 1793, em plena Revolução Francesa, Robespierre cobrava:
“- As funções públicas não podem ser consideradas nem sinais de superioridade nem recompensa, mas como deveres públicos. Os delitos dos mandatários do povo devem ser severa e agilmente punidos.”
(Dois séculos depois a lição de Robespierre seria incorporada à “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”).

Outro sábio daquele tempo, o filósofo triste e pessimista Voltaire:
“- A política tem a sua fonte antes na perversidade do que na grandeza do espírito humano.”

Cristão era Napoleão:
“- Em política, convém curar os males, nunca vingá-los.”

O poeta Paul Valéry era mesmo um poeta:
“- Toda política baseia-se na indiferença da maioria dos interessados, sem a qual não há política possível.
– A política foi primeiro a arte de impedir as pessoas de se intrometerem no que lhes concerne. Numa época seguinte, acresceram-lhe a arte de forçar as pessoas a decidirem sobre o que não entendem.”

Do alto de seus 2 metros, De Gaulle não gostava dos pequenos:
“- A política mais dispendiosa, mais ruinosa, é ser pequeno…”

Outro grande no físico e na luta, Mao Tsé-Tung:
“- A política é a guerra sem derramamento de sangue, enquanto que a guerra é política com derramamento de sangue.”

Churchill, contemporâneo e parceiro de De Gaulle, no sangue, no suor e nas lágrimas:
“- A política é quase tão excitante como a guerra, e não menos perigosa. Na guerra a gente só pode ser morto uma vez, mas na política diversas vezes.”

Apesar disso o professor Hélio Duque, baiano do Paraná, não perde a esperança:
 
“-A aliança de corruptores, empresários poderosos e corruptos, investidos de mandatos nos poderes executivo e legislativo, tem levado muitos brasileiros a julgar que a política é geradora da corrupção. Na verdade nada é mais falso quando se tenta nivelar a política como sinônimo de assalto ao dinheiro público. A canalhice política militante é dotada de uma cultura de vassalagem e abomina princípios e fundamentos éticos e morais. São fiéis seguidores da frase ouvida no interior de Minas Gerais, pelo médico e escritor Pedro Nava: – “Haveremos de resguardar a canalhice necessária para aderir no tempo oportuno.”

Nesse tempo de engodo não se pode prescindir dos homens públicos que cultivam a ética e não se submetem ao jogo da corrupção. Os brasileiros deveriam ser mais exigentes e seletivos na escolha dos seus representantes, ao invés de alimentar demagogos e falsos salvadores da Pátria como alternativa de poder.
 
Na política aristotélica o dever de dizer a verdade, em quaisquer circunstâncias, é inegociável. Infelizmente a maioria prefere o bom mocismo do riso fácil dos candidatos garantindo voto ao embusteiro, não sabendo que o preço da escolha equivocada será cobrado no futuro, como estamos assistindo agora com a detonação de uma crise política, econômica e social inédita na vida republicana. Carlos Lacerda sabia: “Devemos dizer ao povo o que ele precisa saber e não o que gostaria de ouvir. Não confie em homens públicos que só sabem dar boas notícias.”

PARA REFLETIR
“O bom humor é a única qualidade divina do homem.” (Augusto Marzagão)