quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

COLUNA DO PROFESSOR PIXOTE - A arte contemporânea da Performance- Um fenômeno de arte-corpo - Comunicação


 A arte contemporânea da Performance- Um fenômeno de arte-corpo - Comunicação

O que é arte? O pernambucano Paulo Bruscky (1949-) fez essa pergunta ao público durante a 29° Bienal de Arte de São Paulo, em 2010.   A obra apresentada durante o evento foi criada em 1978. Trata-se de uma performance, ou arte performática, que consiste numa interação entre o público e o artista (ou um grupo de artistas) realizada em um espaço sendo que este último utiliza-se de  diversas formas de expressão para apresentar seu trabalho. Vejamos um conceito bastante divulgado do termo em questão.

 “A performance é uma expressão artística em que o corpo é utilizado como um instrumento de comunicação que se apropria de objetos, situações e lugares - quase sempre naturalizados e socialmente aceitos - para dar-lhes outros usos e significações”. FERNANDO GONCALVES
 
https://arteoqueposts.tumblr.com/post/130864434599/o-que-%C3%A9-arte-para-que-serve-foi-uma-performance

A fotografia acima mostra o artista dentro de uma vitrine em uma livraria na cidade de Recife.
 
A obra O QUE É ARTE? PARA QUE SERVE?,  nos faz refletir sobre a função da arte através de uma intervenção urbana utilizando de diversos recursos e materiais, inclusive ele próprio.
 
A performance do artista pernambucano através das duas perguntas pode nos parecer ingênua e simplista mas ela é, na verdade, reflexiva e intrigante dada a dificuldade de respondê-la e por uma variação espacial, cultural, temporal e até mesmo comportamental, das pessoas devido às variantes condicionantes que nos fazem “ser” enquanto seres humanos  ao longo da história e portanto, produtores de cultura.
 
Pode também nos parecer impossível de definir e conceituar. Mas se nos debruçarmos com um olhar mais atento, veremos que o artista nos propicia algumas pistas. 
 
A apresentação do trabalho do artista não é ambientada em museus e galeria nem tampouco se trata de um objeto que referencie ou sacralize a arte.
 
A sua performance é recheada de críticas.  O ano de 1978 é na América Latina um período bastante tenso devido aos diversos governos militares ditatoriais e, portanto uma crítica à censura. Não é , pois somente uma crítica política. Ela é, também, uma crítica ao fazer artístico que valoriza os espaços oficiais (museus e galerias); à sacralização da arte que valoriza mais o objeto artístico representado e pouco valoriza o fazer artístico e as relações interativas/comunicativas geradas/facilitadas pela experiência artística através da realização/acontecimento artístico.
 
O que é arte para que serve, 1978, 40 x 29 cm, Paulo Bruscky. Livro de Artista na Galeria Nara Roesler
http://performanceereenactment.blogspot.com.br/2010/12/o-que-e-arte-e-para-que-serve-in-4-dias.html
 
O artista Paulo Bruscky leva a letra viva para as ruas e vitrines da cidade de Recife, tal como os homens propaganda/anúncio que circulam no centro das grandes cidades brasileiras. Se, por um lado, questiona a todos sobre a atenção e sensibilidade ao cotidiano, por outro enfatiza a crítica ao campo, problematizando a função da arte, seus ideais estilísticos de pureza e o decorrente afastamento da arte sobre as questões da vida sociocultural.  [...] Em seu questionamento, vincula-se uma afirmação: a arte tem a força de problematizar e desestabilizar. Sua obra não tem valor pelo fetiche do objeto, mas pela força crítica e reflexiva do processo de criação.
A PERFORMANCE NO ENEM
 
(Tradução da placa: “Não me esqueçam quando eu for um nome importante.”)
NAZARETH, P. Mercado de Artes / Mercado de Bananas. Miami Art Basel, EUA, 2011. Disponível em: www.40forever.com.br Acesso em: 31 jul. 2012. (Foto: Reprodução)
(ENEM 2013) A contemporaneidade identificada na performance / instalação do artista mineiro Paulo Nazareth reside principalmente na forma como ele
(A) resgata conhecidas referências do modernismo mineiro.
(B) utiliza técnicas e suportes tradicionais na construção das formas.
(C) articula questões de identidade, território e códigos de linguagens.
(D) imita o papel das celebridades no mundo contemporâneo.
(E) camufla o aspecto plástico e a composição visual de sua montagem.

QUESTÃO COMENTADA PELO PROFESSOR PIXOTE.
 
Imagem da instalação do artista brasileiro Paulo Nazareth exposta na vernissage da Art Basel, em Miami (30/11/2011). https://entretenimento.uol.com.br/noticias/afp/2011/11/30/art-basel-a-maior-feira-de-arte-contemporanea-dos-eua-faz-10-anos.htm

         Observa-se que a contemporaneidade da performance do artista brasileiro  Paulo Nazareth exposta na maior feira de arte contemporânea dos EUA, "Art Basel", reside na utilização dos códigos utilizados:  linguagem verbal (texto), da linguagem não-verbal (imagem) que são o ponto de partida para a resolução.    No primeiro parágrafo desse texto, foi dado o conceito de desempenho. 
     Há na questão um ponto crucial na interação entre a placa e a imagem. É um recurso pouco explorado pelos estudantes: a LEGENDA. Ela já define o objeto de análise se trata de um Mercado de Artes / Mercado de Bananas.
A questão não pede o que o artista mineiro quis dizer com o título da obra (talvez pelo fato da performance ser pouco conhecida como arte pela maioria dos estudantes) mas apenas dar a contemporaneidade da obra visto que a mesma estava na "Art Basel" (informação também contida na LEGENDA).
     A IDENTIDADE socioeconômica (quem ele é) é articulada com o TERRITÓRIO (espaço onde está, uma feira de artes, relacionando “Mercado de Artes” e “Mercado de Bananas”.) e a utilização de CÓDIGOS DE LINGUAGENS (o que está escrito e o que é visto), exprimem a sua contemporaneidade.
RESPOSTA -  C

Vamos analisar uma outra questão do Enem sobre Performance.
Na exposição “A Artista Está Presente”, no MoMA, em Nova Iorque, a performer Marina Abramovic fez uma retrospectiva de sua carreira. No meio desta, protagonizou uma performance marcante. Em 2010, de 14 de março a 31 de maio, seis dias por semana, num total de 736 horas, ela repetia a mesma postura. Sentada numa sala, recebia os visitantes, um a um, e trocava com cada um deles um longo olhar sem palavras. Ao redor, o público assistia a essas cenas recorrentes.
ZANIN, L. Marina Abramovic, ou a força do olhar. Disponívelem: http://blogs.estadao.com.br. Acesso em: 4 nov. 2013.
(ENEM 2015) O texto apresenta uma obra da artista Marina Abramovic, cuja performance se alinha à tendências contemporâneas e se caracteriza pela
(A) inovação de uma proposta de arte relacional que adentra um museu.
(B) abordagem educacional estabelecida na relação da artista com o público.
(C) redistribuição do espaço do museu, que integra diversas linguagens artísticas.
(D) negociação colaborativa de sentidos entre a artista e a pessoa com quem interage.
(E) aproximação entre artista e público, o que rompe com a elitização dessa forma de arte.

QUESTÃO COMENTADA PELO PROFESSOR PIXOTE.
 
http://beta.wikidanca.net/wiki/index.php/Marina_Abramovic_-_The_Artist_is_Present

A performance é um modo de expressão artístico contemporâneo que  se utiliza do corpo como suporte  de expressão estética, como já dissemos no início do texto, com outras palavras.
 
A presença da artista se vale da presença do público cuja relação permite a troca de SENTIDOS. Há,  portanto, uma aproximação que rompe o distanciamento entre o artista e o público, entre a arte e o povo que permite a exploração das percepções sensoriais através da troca de olhares.  Observe que a questão não solicitou a explicação da performance, mas apenas por que ela pode ser considerada como alinhada às tendências contemporâneas.
RESPOSTA -  D

AGORA UMA ÚLTIMA QUESTÃO SOBRE PERFORMANCE

CARVALHO, F. R. New Look, Experiência n. 3, 1956.
Disponível em: www.carbonoquatorze.com.br. Acesso em: 3 mar. 2012.
 (ENEM 2017 – PLL) Em 1956, o artista Flávio de Resende Carvalho desfilou pela avenida paulista com o traje New Look, uma proposta tropical para o guarda-roupa masculino. Suas obras mais conhecidas são relacionadas às performances. A imagem permite relacionar como características dessa manifestação artística o uso
(A) da intimidade, da política e do corpo.
(B) do público, da ironia e da dor.
(C) do espaço urbano, da intimidade e do drama.
(D) da moda, do drama e do humor.
(E) do corpo, da provocação e da moda.

QUESTÃO COMENTADA PELO PROFESSOR PIXOTE.

A leitura do texto acima e o comentário explicativo das duas questões anteriores permitem ao estudante entender a performance como uma manifestação artística ligada à arte, ao corpo – comunicação.
Corpo e moda se fundem como instrumentos artísticos diante dos olhares das pessoas presentes na fotografia, surpresas com a performance do artista evidenciando seu tom provocador.
RESPOSTA -  E


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERGER, René. Arte e Comunicação. São Paulo: Ed.Paulinas, 1977.
COHEN, Renato. Performance como linguagem: criação de um tempo-espaço de criação. São Paulo: Perspectiva, 1989.
GONÇALVES, Fernando. Como fazer um corpo desaparecer e  ao mesmo tempo se multiplicar: imagens da presença nas  estratégias tecno-poéticas de Laurie Anderson. In: XXVI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Setembro de 2003, Belo Horizonte: Intercom, Anais.
GLUSBERG, Jorge. A arte da performance. São Paulo: Perspectiva, 1987.

Manoel Mosilânio Malaquias da Cruz (Pixote Cruz)
Historiador (URCA), Pedagogo (URCA), Graduado em Mídias da Educação (MEC) Especialista em Mídias da Educação(UFC), em Educação e Direitos Humanos (UFC); em Análise Transacional (Academia do Futuro) e em Metodologia do ensino Superior (UNICAP). Pesquisador sobre Música Brasileira e Tutor do Projeto Professor Aprendiz da SEDUC- FUNCAP na área de Ciências Humanas. Professor de Graduação e Pós- Graduação da Faculdade FACEN. Professor da Rede Privada e Pública Estadual de Brejo Santo-Ce, e do Curso Sapiento. (Salgueiro – Pe)
Especialista e Consultor Educacionais das Matrizes Curriculares e dos Parâmetros Curriculares Nacionais e da prova do ENEM
 Acesse o canal ENEM TOMARA 2017.