quarta-feira, 25 de abril de 2018

COLUNA DO PROFESSOR PIXOTE - AS FIGURAS DE LINGUAGENS E AS MÚSICAS – PARTE 2



O USO DA FIGURA DE LINGUAGEM ALITERAÇÃO
AS FIGURAS DE LINGUAGENS E AS MÚSICAS – PARTE  2
 
FIGURAS DE LINGUAGEM
1. SONORAS -  Essas figuras são representadas por fonemas com objetivos simbólicos e têm a intenção de soar agradavelmente aos nossos ouvidos. Chamamos de figuras sonoras aquelas que estão relacionadas com os aspectos fonéticos e fonológicos das palavras. São elas: aliteração, assonância, paronomásia e onomatopeia. Vamos começar por Aliteração. Depois explicaremos e citaremos exemplo de outras figuras sonoras.
a) ALITERAÇÃO - consiste na repetição de  fonemas  consonantais para sugerir acusticamente algo que temos em mente, dando-lhe ritmo.

Música 1 Chove Chuva  - Intérprete: Jorge Ben Jorge
Chove, chuva
Chove sem parar
COMENTÁRIO DO  PROFESSOR PIXOTE  - O som da chuva caindo é obtido pela repetição simultânea do “ch”

Música 2.  - Intérprete: Caetano Veloso
Mexe […] dentro, doida
…coisa, doida, dentro mexe
[…],
Deixe de manha, ‘xe de manha,
Sem essa aranha, sem essa aranha, sem essa aranha!
Nem a sanha arranha o carro
… o sarro arranha a Espanha
Meça: tamanha!
COMENTÁRIO DO PROFESSOR PIXOTE - O efeito sonoro  é obtido pelo constante uso das consoantes “d”, “x” e o grupo “nh” (dígrafo).


Medo da morte é mais que a maré
De Maria malígna, maldosa imortal
Que mede na mente a majestosa mentira
De morrer megera, Maria mulher

Ópio ocular ostenta onipotência
Olhos opostos, odisseia odiosa
Onisciência ontem, hoje omissão
Olhar a ordem ocultar o homem

Pobres plebeus de plena plenitude
Podem poder porém põe a perder
O pensamento podre de poderosos políticos
Que pedem a pátria não mais poder

Maria mulher não tem medo da morte
Mais e mais, menos não há
Megera, maldosa, malígna é
A mesma Maria, Maria mulher
COMENTÁRIO DO PROFESSOR PIXOTE – A    QUI A PROPRIA música leva o nome da figura de linguagem. Observe nas estrofes a repetição dos fonemas consonantais.
 Agora que você entendeu, basta só uma boa observação nas músicas abaixo que você irá identificar a aliteração : LEMBRE-SE : em um verso ou uma estrofe pode ocorrer mais de uma figura de linguagem.

 

Música 4. "Segue o Seco" - Intérprete: Marisa Monte


Segue o seco sem sacar que o caminho é seco
Sem sacar que o espinho é seco
Sem sacar que seco é o Ser Sol
Sem sacar que algum espinho seco secará
E a água que sacar será um tiro seco
E secará o seu destino seca

Música 5.  Parabólica - Intérprete:   Engenheiros do Hawaii

Ela pára e fica alí parada
Olha-se para nada
Paraná

Fica parecida paraguaia
Para-raios em dia de sol
Para mim

Prenda minha parabólica
Princesinha parabólica
O pecado mora ao lado
E o paraíso
Ele paira no ar
Pecados no paraíso


Música 6. Não Sou Mais Disso - Intérprete: Zeca Pagodinho

Não traio e nem troco a minha patroa

Música7. Mina do condomínio – - Intérprete: Seu Jorge)

Tô namorando aquela mina, mas não sei se ela me namora.


Música 8. Ode ao rato”, : - Intérprete: Chico Buarque:

“(...) Rato
Rato que rói a roupa
Que rói a rapa do rei do morro
Que rói a roda do carro
Que rói o carro, que rói o ferro
Que rói o barro, rói o morro
Rato que rói o rato
Ra-rato, ra-rato
Roto que ri do roto
Que rói o farrapo
Do esfarra-rapado
Que mete a ripa, arranca rabo
Rato ruim
Rato que rói a rosa
Rói o riso da moça
E ruma rua arriba
Em sua rota de rato (...)”.

Música 9. Tchu Tcha Tcha - Intérprete: João Lucas E Marcelo

 Eu quero tchu, eu quero tcha Eu quero tchu tcha tcha tchu tchu tcha Tchu tcha tcha tchu tchu tcha... • Lê lê! lê lê lê lê lê lê lê! Lê lê lê lê lê lê lê lê lê! •

Música 10. Até quando ? - Intérprete: Gabriel, o Pensador

Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente.”

Percebeu a aliteração nas músicas anteriores ? para reforçar , explico a aliteração da música 10. Observe que as letras M e D dão o efeito da sonoridade reforçada pelas letras N e T.
Agora veja outros usos de Aliteração.


EXEMPLOS DE ALITERAÇÃO NA POESIA
1. “(…) Vozes veladas, veludosas vozes, / Volúpias dos violões, vozes veladas / Vagam nos velhos vórtices velozes / Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”
(fragmento de Violões que choram. Cruz e Souza).
2.Na messe, que enlouquece, estremece a quermesse...
O Sol, o celestial girassol, esmorece...
E as cantilenas de serenos sons amenos
Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos. (Eugênio de Castro)
3. Em horas inda louras, lindas
Clorindas e Belindas, brandas
Brincam nos tempos das Berlindas
As vindas vendo das varandas.
(Fernando Pessoa).
4.“Chove chuva choverando.”
– Oswald de Andrade
5."Auriverde pendão de minha terraque a brisa do Brasil beija e balança." (Castro Alves)
6.Foguetes, bombas, chuvinhas, / chios, chuveiros, chiando,
Chiando, chovendo, chuvas de fogo! / Chá-Bum! (Jorge de Lima)
7. Leva-lhe o vento a voz, que ao vento deita." (Luís de Camões)
8. “Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando.”
(Guimarães Rosa)

 EXEMPLOS DE ALITERAÇÃO NOS DITOS POPULARES:

1. “Quem com ferro fere, com ferro será ferido”

EXEMPLOS DE ALITERAÇÃO NOS TRAVA- LÍNGUAS:

1.Padre Pedro procurou a primeira batina preta.
2.três pratos de trigo para três tigres tristes.”
3. O rato roeu a roupa do rei de Roma.
4.O sabiá não sabia que o sábio sabia que o sabiá não sabia assobiar.
5.O peito do pé de Pedro é preto.
6.Maria-Mole é molenga, se não é molenga,
Não é Maria-Mole. É coisa malemolente,
Nem mala, nem mola, nem Maria, nem mole.
7. O tempo perguntou ao tempo
quanto tempo o tempo tem.
O tempo respondeu ao tempo
que o tempo tem tanto tempo
quanto tempo o tempo tem.

Continua no próximo texto.
Manoel Mosilânio Malaquias da Cruz (Pixote Cruz)
Historiador (URCA), Pedagogo (URCA), Graduado em Mídias da Educação (MEC) Especialista em Mídias da Educação(UFC), em Educação e Direitos Humanos (UFC); em Análise Transacional (Academia do Futuro) e em Metodologia do ensino Superior (UNICAP). Pesquisador sobre Música Brasileira e Tutor do Projeto Professor Aprendiz da SEDUC- FUNCAP na área de Ciências Humanas. Professor de Graduação e Pós- Graduação da Faculdade FACEN. Professor da Rede Privada e Pública Estadual de Brejo Santo-Ce, e do Curso Sapiento. (Salgueiro – Pe)