O USO DA FIGURA DE LINGUAGEM
ALITERAÇÃO
AS FIGURAS DE LINGUAGENS E AS MÚSICAS
– PARTE 2
FIGURAS DE LINGUAGEM
1. SONORAS - Essas figuras são representadas por fonemas
com objetivos simbólicos e têm a intenção de soar agradavelmente aos nossos
ouvidos. Chamamos de figuras sonoras aquelas que estão relacionadas com os
aspectos fonéticos e fonológicos das palavras. São elas: aliteração,
assonância, paronomásia e onomatopeia. Vamos começar por Aliteração. Depois
explicaremos e citaremos exemplo de outras figuras sonoras.
a) ALITERAÇÃO - consiste na repetição
de fonemas consonantais para sugerir acusticamente algo
que temos em mente, dando-lhe ritmo.
Música 1 Chove Chuva - Intérprete: Jorge Ben Jorge
Chove, chuva
Chove sem parar
COMENTÁRIO DO PROFESSOR PIXOTE - O som da chuva caindo é obtido pela repetição
simultânea do “ch”
Música 2. - Intérprete: Caetano Veloso
Mexe […] dentro,
doida
…coisa, doida,
dentro mexe
[…],
Deixe de manha,
‘xe de manha,
Sem essa aranha,
sem essa aranha, sem essa aranha!
Nem a sanha
arranha o carro
… o sarro arranha
a Espanha
Meça: tamanha!
COMENTÁRIO DO PROFESSOR PIXOTE - O efeito sonoro é obtido pelo constante uso das consoantes
“d”, “x” e o grupo “nh” (dígrafo).
Medo da morte é
mais que a maré
De Maria malígna,
maldosa imortal
Que mede na mente
a majestosa mentira
De morrer megera,
Maria mulher
Ópio ocular
ostenta onipotência
Olhos opostos,
odisseia odiosa
Onisciência
ontem, hoje omissão
Olhar a ordem
ocultar o homem
Pobres plebeus de
plena plenitude
Podem poder porém
põe a perder
O pensamento
podre de poderosos políticos
Que pedem a
pátria não mais poder
Maria mulher não
tem medo da morte
Mais e mais,
menos não há
Megera, maldosa,
malígna é
A mesma Maria,
Maria mulher
COMENTÁRIO DO PROFESSOR PIXOTE – A QUI
A PROPRIA música leva o nome da figura de linguagem. Observe nas estrofes a
repetição dos fonemas consonantais.
Agora que você entendeu, basta só uma boa
observação nas músicas abaixo que você irá identificar a aliteração : LEMBRE-SE : em um verso ou uma estrofe
pode ocorrer mais de uma figura de linguagem.
Música 4. "Segue o
Seco" - Intérprete: Marisa Monte
Segue o seco sem
sacar que o caminho é seco
Sem sacar que o
espinho é seco
Sem sacar que
seco é o Ser Sol
Sem sacar que
algum espinho seco secará
E a água que
sacar será um tiro seco
E secará o seu
destino seca
Música 5. Parabólica - Intérprete: Engenheiros do
Hawaii
Ela pára e fica
alí parada
Olha-se para nada
Paraná
Fica parecida
paraguaia
Para-raios em dia
de sol
Para mim
Prenda minha parabólica
Princesinha
parabólica
O pecado mora ao
lado
E o paraíso
Ele paira no ar
Pecados no
paraíso
Música 6. Não
Sou Mais Disso - Intérprete: Zeca Pagodinho
Não traio e nem
troco a minha patroa
Música7. Mina do condomínio – -
Intérprete: Seu Jorge)
Tô namorando
aquela mina, mas não sei se ela me namora.
Música 8. Ode ao rato”, : - Intérprete: Chico Buarque:
“(...) Rato
Rato que rói a roupa
Que rói a rapa do rei do morro
Que rói a roda do carro
Que rói o carro, que rói o ferro
Que rói o barro, rói o morro
Rato que rói o rato
Ra-rato, ra-rato
Roto que ri do roto
Que rói o farrapo
Do esfarra-rapado
Que mete a ripa, arranca rabo
Rato ruim
Rato que rói a rosa
Rói o riso da moça
E ruma rua arriba
Em sua rota de rato (...)”.
Música 9. Tchu Tcha Tcha - Intérprete: João
Lucas E Marcelo
Eu quero tchu, eu quero
tcha Eu quero tchu tcha tcha tchu tchu tcha Tchu tcha tcha tchu tchu tcha... •
Lê lê! lê lê lê lê lê lê lê! Lê lê lê lê lê lê lê lê lê! •
Música 10. Até quando ? - Intérprete: Gabriel, o Pensador
Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente.”
Percebeu a aliteração nas músicas
anteriores ? para reforçar , explico a aliteração da música 10. Observe que as
letras M e D dão o efeito da sonoridade reforçada pelas letras N e T.
Agora veja outros usos de Aliteração.
EXEMPLOS DE ALITERAÇÃO NA POESIA
1. “(…) Vozes
veladas, veludosas vozes, / Volúpias dos violões, vozes veladas / Vagam nos
velhos vórtices velozes / Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”
(fragmento de
Violões que choram. Cruz e Souza).
2.Na messe, que
enlouquece, estremece a quermesse...
O Sol, o
celestial girassol, esmorece...
E as cantilenas
de serenos sons amenos
Fogem fluidas,
fluindo à fina flor dos fenos. (Eugênio de Castro)
3. Em horas inda louras, lindas
Clorindas e Belindas, brandas
Brincam nos tempos das Berlindas
As vindas vendo das varandas.
(Fernando Pessoa).
4.“Chove chuva choverando.”
– Oswald de Andrade
5."Auriverde pendão de minha terraque a brisa do
Brasil beija e balança." (Castro Alves)
6.Foguetes, bombas, chuvinhas, / chios, chuveiros,
chiando,
Chiando, chovendo, chuvas de fogo! / Chá-Bum! (Jorge de
Lima)
7. Leva-lhe o vento a voz, que ao vento deita."
(Luís de Camões)
8. “Boi bem bravo, bate baixo, bota
baba, boi berrando.”
(Guimarães Rosa)
EXEMPLOS DE ALITERAÇÃO NOS DITOS POPULARES:
1. “Quem com ferro fere, com ferro será ferido”
EXEMPLOS DE ALITERAÇÃO NOS TRAVA-
LÍNGUAS:
1.Padre Pedro procurou a primeira batina preta.
2.três pratos de trigo para três tigres tristes.”
3. O rato roeu a roupa
do rei de Roma.
4.O sabiá não
sabia que o sábio sabia que o sabiá não sabia assobiar.
5.O peito do pé
de Pedro é preto.
6.Maria-Mole é
molenga, se não é molenga,
Não é Maria-Mole.
É coisa malemolente,
Nem mala, nem
mola, nem Maria, nem mole.
7. O tempo
perguntou ao tempo
quanto tempo o
tempo tem.
O tempo respondeu
ao tempo
que o tempo tem
tanto tempo
quanto tempo o
tempo tem.
Continua no
próximo texto.
Manoel Mosilânio
Malaquias da Cruz (Pixote Cruz)
Historiador (URCA), Pedagogo (URCA), Graduado em
Mídias da Educação (MEC) Especialista em Mídias da Educação(UFC), em Educação e
Direitos Humanos (UFC); em Análise Transacional (Academia do Futuro) e em
Metodologia do ensino Superior (UNICAP). Pesquisador sobre Música Brasileira e
Tutor do Projeto Professor Aprendiz da SEDUC- FUNCAP na área de Ciências
Humanas. Professor de Graduação e Pós- Graduação da Faculdade FACEN. Professor
da Rede Privada e Pública Estadual de Brejo Santo-Ce, e do Curso Sapiento. (Salgueiro
– Pe)