quinta-feira, 20 de setembro de 2018

COLUNA DA JACQUELINE - Os olhos do coração

Os olhos do coração

Sexta- feira passada tive a enorme satisfação de participar  da abertura do II Simpósio de Educação e neurociências como palestrante.
E como sempre acontece recebo muito mais do que dou em relação a aprendizagem.
O primeiro fato que me chamou a atenção foi o envolvimento de um grupo de educadores em promover momentos  significativos não só para promoção profissional, mas principalmente para promoção da cidadania apesar das dificuldades que se interpõem  quando abraçamos as causas sociais e educacionais.
O segundo fato foi perceber que temos profissionais  que buscam a excelência na sua missão através de estudos coletivos e integrados.  Em plena sexta-feira a noite, apesar do cansaço de uma semana de trabalho e alguns residirem em outros municípios, esses profissionais  optaram em estar  naquele espaço onde as multi aprendizagens  se concretizavam. 
Outro fato que me encantou, vou ver uma linda jovem  com deficiência visual sentada na primeira fila junto a sua irmã. Na realidade no primeiro momento nem me dei conta que ela tinha problemas na visão. Só  no ato da composição da mesa  pude perceber as limitações quando a irmã com todo carinho a ajudava no deslocamento  para a mesa do cerimonial.
Aquela  cena me comoveu.  Por nenhum momento vi tristeza  na fisionomia daquela jovem. 
Era uma alegria que contagiava. Sua fala era de um otimismo que não tinha como não se sensibilizar e encher o coração de esperança.
Após a palestra fiz questão de procurá-la e ouvir resumidamente seu lindo testemunho de vida. Apesar  de todos os “NÃOS”  da vida  ela conseguiu superar  a todos. Fez sua graduação, especialização, tornou-se palestrante e com seu testemunho  planta sementes de esperança.
Ela certamente ganhou olhos de poeta... os que ensinam a ver.
O poeta francês William Blake afirmou: A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê.
Adélia Prado disse: Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra. Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.
Rubem Alves diz que há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem.
Recordo-me agora do diálogo da Raposa e do pequeno príncipe, na obra de Saint Exupery:
Adeus, disse a raposa. E agora, como prometido, aqui vai o meu segredo. De fato, é um segredo bem simples: é somente com o coração que podemos ver corretamente; o essencial é invisível aos olhos. 

Por uma humanidade melhor!
Jacqueline Braga