sexta-feira, 12 de outubro de 2018

COLUNA DA HISTORIADORA FÁTIMA ALVES - Cicero da Silva, Cicero Coveiro


Cicero da Silva, Cicero Coveiro



Semana passada mencionei as mulheres que fazem a limpeza de nossa cidade, profissionais  dignas de respeito e admiração. Hoje venho homenagear o Sr. Cicero da Silva, de 50 anos de idade, nasceu na cidade de Brejo Santo. Seus pais eram conhecidos por José Vicente da Silva e Inácia Sebastiana da Silva. Há 26 anos após o falecimento de seu sogro o Sr. Chico coveiro ele assumiu esta nobre missão, a convite do Monsenhor Dermival de prestar assistência aos que partem para vida eterna. 

Sr. Cicero é uma pessoa prestativa e amiga de todos, apesar dos desafios da vida, ele enfrenta a labuta do dia com fé e alegria. Não desanima e está pronto 24 h para servir aos que chegam diante da dor de ter que enterrar seus entes queridos. Sr. Cicero não concluiu o ensino fundamental, cursou até a Sétima Série (hoje 6º ano). Casou-se no ano de 1990, com uma das filhas de Sr. Chico coveiro, Luciene e com a mesma teve 3 filhos e 4 netos. Mora vizinho ao cemitério. 

E quem é Sr. Cicero? Sua vida praticamente se resume ao serviço do cemitério, ele revela que não tem folga, trabalha junto com seu irmão Aparecido. No inicio do trabalho prestava serviço a Igreja, mas Monsenhor resolveu entregar a Prefeitura e desde então todos são servidores da Prefeitura de Brejo Santo.

Faço uma pergunta sobre a maior dificuldade em trabalhar de coveiro: “Acho tudo normal, cavo cova e abra sepultura, pericia médica tiro o caixão pra fora”. Durante as pericias as vezes encontra-se corpos em estado ainda de putrefação. Ele diz que o importante é dar gostar do que faz, não é fácil a profissão. Uma das curiosidades diante do diálogo ele revela que chegou a fazer um enterro a duas horas da manhã, o motivo era a chegada dos familiares que vinham de longe. Diante do exposto, pergunto se ele espera, ele responde que sim. 

Percebi que a vida de Sr. Cicero como pessoa se resume a sua profissão.  Anda a qualquer hora no cemitério, conhece quase todos os túmulos, se alguém chega perguntando sem saber a localização ele rapidamente dirige a família ao túmulo. Ele também realiza a limpeza dos túmulos e ganha particularmente para isso. Sr. Cicero é concursado, mas na época de Dr. Weligthon Landim o nomeou pela prefeitura para o cargo de coveiro. Ele diz que seu trabalho é continuo, pois, é difícil encontrar alguém que o substitua, pois não encontra. Caso precise viajar, tem que ser uma viagem rápida, pois é só ele e seu irmão Aparecido, por que ocorre de um a três enterros por dia na cidade de Brejo Santo.

Percebi na pessoa de Sr. Cicero, alegria e satisfação no que faz, não senti pesar e reclamação, só gratidão. Sr. Cicero uma pessoa simples e resignada, sua história de vida está embrenhada na vida profissional. Todos brincam com ele, pergunta: “Ei, coveiro, tem cabeça hoje”. Muito conhecido na cidade e no bairro da Taboqueira. Achei bonito quando ele diz que tem medo de deixar o cemitério sozinho, por que alguém pode abrir um túmulo errado. Ele revela que a Prefeitura tem um espaço no cemitério para pessoas que não possuem terrenos, ou para aqueles que chegam à cidade como indigentes. Recorda-se nesse momento o caixão de São Vicente, preto de zinco, que antigamente se enterrava os que não podiam comprar caixão e o coveiro arrumava a cova e enterrava em uma vala. Hoje isso não acontece mais.

É inegável a participação de Sr. Cicero na história cotidiana, toda, mas toda população deve ser grata a pessoa de Sr. Cicero belo trabalho e pela pessoa dedicada e amiga que ele é. Obrigada em nome de todos que fazem Brejo Santo.