quinta-feira, 18 de outubro de 2018

COLUNA DA JACQUELINE - É Bonita

É Bonita


Em um mesmo dia comemoramos duas datas muito especiais e que estão ligadas pela amorosidade.  12 de outubro, o dia de Nossa Senhora Aparecida e o dia das crianças.

Sempre pergunto ao meu neto Levi o que ele quer ganhar de presente, como toda  boa avó. 

Há algum tempo venho conversando com ele a respeito de presentes. Como é neto único, tanto do lado materno como paterno, vocês imaginem o quanto esta criança é amada e paparicada.

Depois de muita conversa e muitos porquês decidimos em comum acordo que não daria mais presentes de brinquedos. Livros, jogos e passeios seria os mimos nas datas festivas.

Voltando a pergunta sobre o que ele gostaria de ganhar no dia das crianças, ele prontamente respondeu: quero ir para praia.

Pronto, estava sem saída. Combinado é combinado e promessa é dívida.

Para a grande maioria ir  à  praia é um presentão. Para mim, nem tanto. Não posso pegar muito sol e por isso procuro o lugar onde tenha sombra. O que gosto mesmo é de olhar para o mar e imaginar os mistérios daquela imensidão de água salgada.

Mas por Levi tudo é válido.

Chegamos na praia. Feriadão, uma imensidão de pessoas buscando um pouco de relaxamento, se é que é possível relaxar com tanta gente. 

Levi estava eufórico, queria logo entrar no mar. Pedi calma. Vamos ver se alugamos uma cadeira e um guarda sol. A muito custo ele  esperou. Nos instalamos bem pertinho do mar para não perdê-lo de vista. 

Me acomodei naquela cadeira e naquela pequena sombra, que mais parecia um oásis no deserto.

Comecei a observar tudo a minha volta. Bem de frente, Levi pulava nas ondas e se transformava no seu super herói favorito: Sonic.  De repente ele surge me molhando toda: vó Sonic nada? Eu respondi sem dar muita importância: nada amado. Ele olhou para mim indignado percebendo minha falta de atenção e disse: mas ele é um ouriço e ouriço não nada.

E agora como explicar ? É porque ele encontrou superpoderes nas ondas do mar e começou a nadar. Olhou com aqueles olhos meio esverdeados  e disse: agora entendi e saiu  espalhando terra e areia. Boniteza demais para uma só criança.

Voltei a contemplação. Fiquei a refletir: será que há um espaço mais democrático que a praia?

Era gente de toda diversidade. Do meu lado uma baiana, conheci pelo sotaque. Do outro, um grupo de jovens ouvindo forró num pequeno aparelho de som, e uma jovem dentre eles me chamou a atenção,  com um cabelo  rastafári metade vermelho, metade azul, nunca tinha visto este estilo. Como: rastafári e forró? Logo adiante jovens brincavam jogando areia uns nos outros, e um  senhor de idade lia confortavelmente na sua cadeira e no seu guarda sol como se o mundo não existisse.

Realmente este é meu Brasil. De muitas diversidades, de muitas adversidades. De uma boniteza sem igual!

Senti-me imensamente feliz ! Como é bom viver na simplicidade de ser gente com as outras gentes.

Lembrei-me da poesia de Gonzaguinha:
Fico com a pureza da resposta das crianças, é a vida, é bonita, é bonita!
 
Por uma humanidade melhor!
Jacqueline Braga