A Pedra do Reino
Terça-feira foi realmente um dia muito especial. Apesar de está com uma crise de sinusite muito forte e afônica me atrevi a participar de uma aula de campo que já estava agendada pelo professor Adryano Evangelista com os professores de Língua Portuguesa e Língua Inglesa para a terra da Pedra do Reino, São José do Belmonte.
Fomos aproximadamente 40 pessoas e como tudo com professor é alegria a viagem já foi muito divertida.
O objetivo da aula era conhecer o Castelo, os seus acervos e a Pedra do Reino.
Fomos recebidos de uma forma extremamente calorosa pela Secretária de Educação Heliane e a equipe da Secretaria de Educação e pelo Secretário de Cultura.
Fiquei encantada com todo o histórico e a rica cultura local. Foi uma viagem através do tempo.
O Castelo me remeteu aos tempos medievais. Lá ficamos sabendo, através de uma rica aula que a construção do castelo foi baseado no Movimento Armorial criado em 1970, por um grupo de artistas e intelectuais pernambucanos, liderados pelo escritor paraibano, Ariano Suassuna.
O anfitrião do castelo naquela manhã foi o irmão do empresário e pesquisador que doa toda sua vida aquele projeto, construindo peça a peça um lindo castelo onde é reunido um acervo diferenciado dos outros museus que já conheci e nos remete ao mundo fantástico das obras de Ariano Suassuna. Viajei juntamente com os professores pela Auto da Compadecida, de repente me deparei com cenas de uma Mulher Vestida de Sol, com os Homens de barro. São vários os cenários. Quatro pisos de pura cultura nordestina, bancado por um cabra arretado e seu irmão.
Não há palavras que descreva tanto encantamento.
Adentramos na aventura de conhecer a Pedra do Reino. Aproximadamente 30 quilômetros da cidade de São José de Belmonte. Uma parte a estrada é asfaltada e outra parte estrada de chão. A paisagem típica do sertão nordestino. Mandacarus e a resistente algaroba que teimosamente se faz verde contrastando na seca paisagem e ainda serve de alimentos para os inúmeros cabritos que saltitavam entre pedras e espinhos.
Eram quase meio dia... o sol torrencial. Fiquei imaginando o quanto sofriam as pessoas que ali habitavam em tempos passados com a escassez de água e alimentos.
Chegamos! Era como se estivéssemos entrado em um portal, em outro tempo.
Não há palavras para descrever aquele cenário envolto em mistérios.
Pedras grandiosas e bonitas , era assim que eram conhecidas e foram palco de uma grande tragédia : o movimento Sebastianista em 1938. A história transformou-se em obra literária com o Romance a Pedra do Reino de Ariano Suassuna.
Quem leu A Pedra do reino e o príncipe do sangue que vai e volta, não tem como não viajar na história com aquele cenário.
O professor explicou que por muito tempo aquele local era tido como amaldiçoado e por muito tempo também foi refúgio de bandos de cangaceiros.
Mas senti outra atmosfera. Realmente aquele lugar estava mais para sagrado do que para profano. Emana uma paz, mesmo diante tantas atrocidades ali cometidas.
Nos meus devaneios fiquei a pensar: o sangue de muitos inocentes purificou a terra !
Quem não conhece a história leia, nos leva a profundas reflexões.
Diante tantas informações e sensações encerramos nossa viagem numa Chácara que uma colega professora que mora em Belmonte gentilmente nos ofereceu.
Um saboroso almoço, banho de piscina e como não poderia ser diferente cantamos os parabéns para nossos professores, estrelas de todo dia.
Dentre as muitas aprendizagens que esta aula de campo promoveu uma fez toda diferença: a afetividade e acolhida do povo bom de Belmonte!
Por uma humanidade melhor!
Jacqueline Braga