Política do ódio e ódio na política
Estamos a poucos dias da eleição. A cada dia nosso país se mostra mais polarizado. Mulheres e homens se manifestam, revelam seus “lados”, uns dialogam, outros discutem, uns debatem, outros acusam, uns ameaçam, outros recuam. A política brasileira deixa de ser um campo aberto à dialética e passa a constituir um campo de guerra. O ódio se apropria de todas as falas, e se espalha por todas as partes, se faz presente em gestos. Mas uma coisa é certa, se pararmos para pensar, seremos capazes de questionar sobre o que de fato estamos assistindo no Brasil: a política do ódio ou o ódio na política?
A política do ódio não tem sido discreta, ela tem se manifestado das mais diversas formas, tem atingido as mais diversas classes, tem se imperado, e “conquistado” muita gente, tem sido a alternativa mais viável e mais rápida para que as pessoas acreditem que as coisas podem mudar de uma hora para outra, apenas em uma canetada, sem projeto, sem análise, sem debate – passando por cima de tudo e de todos, como um tanque de guerra em campo de batalha.
O ódio na política tem nos tornado cidadãos confusos, e ao mesmo tempo corajosos, capazes de nos atingirmos das mais variadas formas, de desfazermos amizades, de nos agredirmos verbalmente, e se contrariados partirmos para “a briga”, como se o respeito jamais fosse uma alternativa, como se a aceitação da opinião do outro fosse mais danosa do que qualquer medida de violência. Temos confundido discordância com inimizade, opinião com ofensa, e expressão de ideias com afronta.
A política do ódio e o ódio na política não tem nos feito bem, na verdade tem nos colocado em polos distintos, e bem distantes, alimentados por ideologias e posicionamentos que segregam, desrespeitam e oprimem todos os povos, principalmente quando estes são destoantes do que me convém, temos aprendido a querer ver e ouvir só o que nos agrada, e se assim não for, não serve nem a mim, “nem a sociedade”.
O filósofo Friedrich Nietzsche nos diria que “um político é capaz de dividir os seres humanos em duas classes: instrumentos e inimigos”, porque talvez saiba que será servido pelas duas - os que se colocam como instrumentos, e sendo apenas “ferramentas” não podem ser responsabilizados pela maneira que estão sendo utilizados, e como inimigos não encontram alternativas para combater o oponente se não a vingança.
A História, do Brasil e do mundo, nos ensina que o ódio transformou muitas sociedades, muitas classes, muitos desrespeitos, discordâncias e embates em tragédias.
Nesta semana os debates irão acalorar, os “políticos” usarão todas as ferramentas possíveis para saírem vitoriosos, mas que não alimentem em nós o ódio na política, nem a política do ódio.
Pense nisso. Uma ótima semana. Até a próxima. David Junior
Psicólogo e Professor de Filosofia
Pense nisso. Uma ótima semana. Até a próxima. David Junior
Psicólogo e Professor de Filosofia