sexta-feira, 25 de outubro de 2019

COLUNA DA HISTORIADORA FÁTIMA ALVES - Tereza Basilio

Tereza Basilio



Quanta honra para mim conversar com Tereza Basilio pela sua contribuição na história da cidade, bem como está presente na nossa história cotidiana com seu jeito de ser, algo peculiar que é sua sinceridade, sua espontaneidade em conversar e a conquista dos amigos que lhe rodeiam. Uma mulher forte e destemida que venceu as dificuldades de cabeça erguida. Merece toda nossa homenagem.

Terezinha Basilio de Lucena, nasceu no ano de 1933, filha do Casal José Basilio (in memoriam) e de Maria Gomes de Lucena (in memoriam), ambos netos do Coronel Basílio. Sua mãe é filha de Pedro Chicote (Pedro Pereira de Lucena), eram irmãs da sua mãe, suas tias, Zira, Teresa e moravam em frente ao Clube das Mães. São irmãos de Tereza: Francisco, Raimunda, Maria Basílio (Biíca casou com Moacir Jó), Pedro (casou com Dilza Furtado), João Basilio (casou com Francinete), Antônio conhecido por Bitoin Basilio (casou-se com Terezinha dos Fernandes, depois de viúvo casou com Tica de Sr. Chicote). Diz que Rua Pedro Pereira de Lucena (Pedro Chicote) traz o nome de seu avô materna. Tereza revela que da prole de oito irmãos só tem ela e Nane Basílio, a quem dedica seu tempo, pois Nane encontra-se com 92 anos de idade aos cuidados das sobrinhas Raquel e Hélia e de uma moça que passa o dia. Fiquei emocionada quando vi Nane, uma pessoa que merece nosso reconhecimento por sua trajetória de vida e história na nossa cidade. Que momento ímpar! Teresa revela que Nane foi fotógrafa, inclusive tem fotos guardadas.
  


A história de vida de Tereza Basilio não foge a ordem cronológica, revela que na infância brincou muito na rua da Taboqueira, na casa que pertenceu a seu bisavô e avô, posteriormente a seu pai (a casa ainda conserva sua estrutura de construção). Diz que sua infância foi de correr pelas ruas e de tomar banho no açude de Chico Nicodemos. Tomava banho na cacimba de rebaixa do Padre Pedro Inácio Ribeiro e quando chovia a cacimba enchia e passava água em todas casas. A cacimba ficava atrás da casa onde atualmente fica a APAE. Padre Pedro Inácio Ribeiro tinha um sítio enorme, começava onde se localiza atualmente a casa de Jorge das plantas e se estendia até a Igreja. Na época as pessoas não podiam lavar roupas na cacimba por que Dona Santa Ribeiro (irmã do Padre Pedro) ficava pastorando, e pedia a Zifina que não deixasse. Mas recorda que lavou muito cueiro de Rany seu filho por que Brejo Santo não tinha água encanada. São várias as recordações de Tereza como por exemplo da cacimbinha, do engenho, e que tudo que cercava a rua da Taboqueira era mato. As casas existentes eram a de sua tia Donina, de seu bisavô Coronel Basilio, de seus pais e algumas casas, os terrenos da Rua da Taboqueira todos pertenciam ao seu bisavô. Lembra da casa do Coronel Inácio próximo ao cemitério. Recorda que a paróquia era conduzida por Padre Pedro Inácio Ribeiro, ela diz que Padre Pedro brincava com as crianças no serrote, e quando tinha catecismo ele levava as crianças para o cruzeiro, construído por Pedrosina. Lembra que brincaram tanto com mato “amor de velho” que a batina de Padre Pedro, veio toda verdinha. Recorda que na Rua da Taboqueira tinha um chafariz e uma caixa d’água em frente à casa de Dora e Val e que seu esposo Nonato trabalhou nesse chafariz. A casa que foi do Mestre Olívio pertenceu ao coronel Basílio e onde o mesmo morou. A sugestão de Tereza era que a casa fosse conservada como um museu, pois segundo ela deve-se conservar a história. Defende que Brejo Santo necessita de um abrigo pra idosos, cidades menores já possuiu. 

Casou-se Raimundo Nonato dos Santos (in memoriam), e chora quando vai pra renovações, saudosa lembrando do esposo, quando casou morou na Rua Velha. Seus filhos: José Lucena dos Santos, (delegado em Rondônia), Francisco Lucena dos Santos (Assis contabilista), Pedro Basilio dos Santos (in memoriam), Antônio Basílio dos Santos (in memoriam), Raimundo Lucena dos Santos (Médico). O esposo trabalhou de roça, na casa Pernambucanas aos sábados, o qual lutou muito para formar os filhos. Nonato era da Abaiara, rezou muitas renovações, merece destaque na nossa história.

Depois de casada Teresa precisou trabalhar para ajudar o esposo Nonato e na época Antônio Denguinho junto com Euclides Basilio lhe deram um contrato de professora (alfabetizadora), recorda que um dos seus alunos foi Narciso. Teresa Basílio, foi professora da Prefeitura na escola em Zé Bofó (localizava-se na comunidade Baixio dos Lopes). Zé Bofó era um deficiente, feitor das terras de Pedro Nicodemos. Porém na época em que o Prefeito era Emilio Salviano, as professoras que não tinham magistério, teriam que deixar a função de ensinar e trabalhar como auxiliar de serviços gerais e ela foi conduzida a Escola Padre Pedro e passou mais de 30 anos nessa função. Ela reforça: “me aposentei como professora nomeada”, mas como veio da formação de magistério, então assumiu o trabalho com muito gosto. 

Teresa Basílio é uma pessoa ativa que de vez em quando viaja, já foi para Aracajú, já viajou pra Rondônia e Bolívia. Quando viajou para Bolívia adoeceu de Malária, passou oito dias internada em coma, mas Dr. Napoleão (in memoriam) viu a gravidade do problema e a enviou para Barbalha e graças a Deus se recuperou.
Hoje, Teresa procura conservar a Rua da Taboqueira, Rua Coronel Basílio Gomes, plantando árvores frutíferas, como limão, manga, tamarindo e Jambo.  Revela que Nicodemos é filho do Coronel Basilio, e interveio com Tutu dizendo que o coronel Basilio achou bonito o nome de Nicodemos e colocou no filho o nome, e este foi avô de Tutu. Hoje cede a casa, na Rua da Taboqueira que pertenceu a seu pai, ao Sr. João para colocar suas verduras. A casa depois que seu pai morreu ela comprou as partes da herança ficando em sua propriedade, depois foi vendida a Irismar que era casado dom Rita. Depois seu filho Diassis comprou de volta.
 

Teresa Basílio é como guardiã dos bens imateriais da cidade, ela reforça que precisa-se conservar o que já foi histórico como a casa de seu bisavô, o cruzeiro enfim até a própria rua da Taboqueira e adjacências Atualmente mora na rua José BASILIO e sua rotina é cuidar do papagaio de Nane, mora vizinha, olha Moacir Jó. Com muito carinho elogia Raquel sua sobrinha e diz que da dedicação dela com Nane. Diz aos filhos que as mães deles são as esposas e que Hélia e Raquel são como filhas, dois anjos que cuida muito bem de todos. Teresa possui muitas amizades e conhece muita gente, diz que não vai sentinela de gente rica só de pessoas pobres.

 
Teresa mora na Rua José Basilio, e diz que as pessoas não reconhece a rua com o nome de José Basilio com seu jeito irreverente, único de Tereza Basilio diz: “Quando estou em algum lugar que as pessoas fala que aqui é a rua do beco sem saída, eu digo sem saída não, tem saída sim, saída pra cadeia, tem saída pra outras ruas. Tereza tem habilidade para arte do tricô.



Nossa gratidão a Tereza Basílio, sua contribuição é valiosa, como pessoa e cidadã que detém muito conhecimento da nossa história. Grata pela conversa agradável que veio só acrescentar na nossas história cotidiana.