Bolsonaro veta psicólogos e assistentes sociais nas escolas públicas.
No último dia 09 de outubro, o presidente Bolsonaro fez questão de vetar o projeto de lei 3.688/2000, que previa a presença de psicólogos e assistentes sociais nas escolas públicas de educação básica do país. Para mim nenhuma novidade – Bolsonaro desde que assumiu a presidência, vem colocando em prática seus ideais retrógrados que já haviam sido anunciados durante toda a sua pré-campanha e campanha – resultados de sua insensibilidade social, de sua indiferença para com setores menos favorecidos, e sua maneira “arcaica” de compreender os fenômenos humanos.
Alegando a “geração de gastos obrigatórios ao Executivo”, mais uma vez o presidente da república do Brasil anula possibilidades de avanços nos campos afetivos, comportamentais e sociais dos contextos escolares brasileiros. Em tempos de BNCC (Base Nacional Comum Curricular), em tempos de desenvolvimento de competências e habilidades socioemocionais o governo federal retrocede, e desampara os estudantes da educação básica brasileira, naquilo que poderia identificar as demandas, intervir no que for possível, para que no futuro tenham outras realidades.
É a escola o espaço de transformação, é nela que é possível se conhecer novos mundos e novos caminhos, desde que haja um amparo profissional e técnico.
O processo de desenvolvimento da vida é composto de várias fases, da infância à vida adulta, cada uma formada por diferentes características e aspectos comportamentais, e identificar e intervir de forma positiva e profissional em cada uma delas possibilita aos professores e às escolas a construção de planos e currículos adequados para cada etapa da vida dos que aprendem, não só academicamente, mas moralmente, afetivamente e socialmente – o que nos indica possibilidades de diminuição nos índices de violências, bullying, e evasão escolar.
Entre os benefícios da presença de psicólogos e assistentes sociais nas instituições escolares estão: a possibilidade de conhecer e compreender as realidades afetivas e sociais dos alunos, auxiliar no processo de aprendizagem e na maneira como estes percebem suas perspectivas de vida, desenvolver trabalhos que visam a diminuição de desigualdades entre os sujeitos levando em consideração suas diferenças individuais, mediação de conflitos, orientação educacional para pais, professores e alunos, auxílios na construção de métodos educacionais eficazes e que valorizem a pluralidade social e emocional, apresentação de novos caminhos de construção de projetos de vida.
Em tempos em que vemos índices alarmantes de automutilação nos espaços escolares, crianças e adolescentes cada vez mais ansiosos e depressivos, índices assustadores de suicídio, sistemas escolares adoecedores, famílias desestruturadas, espaços sociais precários, em uma civilização que adoece mais a cada dia, se faz necessário questionar: afinal, a presença de psicólogos e assistentes sociais nas escolas é um custo ou investimento?
Pense nisso! Uma ótima semana. Até a próxima.
DAVID JUNIOR
Psicólogo, Professor de Filosofia e Atualidades.