sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Nova variante deve gerar aumento de casos de covid no Brasil nas próximas semanas

Foto: NIAID

O aumento da positividade de testes para covid-19 e o aumento de casos reportados na subvariante BQ.1 no Brasil alertam para provável aumento de casos da infecção nas próximas semanas no País. Conforme pesquisadores, a principal medida de prevenção neste momento deve ser garantir as doses de reforço contra a doença.                                


Anderson Fernandes de Brito, virologista e pesquisador do Instituto Todos pela Saúde (ITpS), explica a formação das novas variantes. A BQ.1 é uma linhagem que descende da Ômicron BA.5, linhagem que causou ondas de casos no meio deste ano junto com a BA.4. 


A XBB, que também tem causado preocupação, por sua vez, é uma variante recombinante. O genoma desta variante deriva da combinação de duas linhagens da BA.2 (BA.2.10 e BA.2.75). Ela tem circulado em países como Singapura, Índia e Bangladesh, aponta o pesquisador, que é pós-doutorado na Escola de Saúde Pública da Universidade de Yale, nos Estados Unidos.   

                                          

O alerta também vem de fora, visto que países na Europa tem passado por uma onda de casos de covid-19, causada principalmente pela variante BQ.1. Nos EUA, a BQ.1 tem aumentado bastante em frequência. Isso é esperado, dado a disseminação desta variante na Europa, explica Anderson. Ainda não se observa aumento expressivo de casos nos EUA, mas esta alta é provável em breve, segundo ele.


Domingos Alves, físico que pesquisa modelagem computacional e sistemas de informação em saúde, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), afirma que a nova cepa não tem mudanças em relação aos sintomas para a maioria dos pacientes.


"A característica principal que difere das outras cepas é, aparentemente, ter um escape muito maior da proteção das vacinas", diz. Segundo o pesquisador, é esperado aumento do número de casos no Brasil, mas quadros leves, que não levam a internação grave, principalmente para as pessoas que têm o esquema vacinal completo.


A análise é compartilhada pelo virologista Anderson Brito. "Casos da BQ.1 já tem sido reportados no Brasil. Sendo esta uma variante com alta capacidade de evadir parte do reconhecimento por anticorpos, ela é mais capaz de gerar infecção em indivíduos que já foram infectados ou vacinados meses atrás", corrobora.


As vacinas protegem contra as novas variantes? 

Uma das principais dúvidas quando uma nova variante do Sars-CoV-2 se dissemina é se as vacinas que já foram aplicadas garantem proteção. Anderson Brito explica que sim. Isso porque as proteções adquiridas previamente não são perdidas por completo diante de uma nova variante.


"Uma variante mais evasiva pode dificultar a identificação do vírus, porém parte da capacidade de reconhecimento ainda se mantém em nosso organismo. Nossas defesas são geradas não só por anticorpos, como também por células de defesa", explica o virologista.


Dessa forma, os anticorpos produzidos após a vacinação podem decair com o tempo, mas células de defesa permanecem, e são mobilizadas para nos proteger diante de uma nova infecção.


"De maneira geral, tanto no Rio de Janeiro como no Brasil, a grande maioria, mais de 90% das pessoas que têm sido internadas atualmente com covid, não tomaram dose de reforço ou nenhuma outra dose. De novo, a preocupação é com relação à vacinação", alerta Domingos Alves.


"Há de se levar em consideração que, mais uma vez, para qualquer tipo de variante do coronavírus — principalmente para esse tipo de cepa que tem maior escape de vacinação — pessoas com mais de 60 anos e imunodeficientes geram maior preocupação", reitera o físico.


Quais cuidados a população deve tomar agora

Estar com o esquema vacinal em dia é essencial, alertam os pesquisadores. "Vacinas não blindam nosso corpo com o vírus: infecções ainda são possíveis. No entanto, as defesas promovidas pelas vacinas evitam casos graves da doença, algo primordial para evitar sequelas causadas pela infecção, e evitar crises maiores em nível de saúde pública", relaciona Anderson Brito.


Ele orienta que, para quem não buscou sua terceira ou quarta dose, o momento é agora. "Uso de máscara em ambientes fechados e com muita gente, como no transporte público, segue sendo essencial, em especial para grupos mais vulneráveis, como idosos e imunossuprimidos".


Cenário no Ceará

Segundo a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), não há casos registrados da subvariante BQ.1 da covid-19 no Estado. A Pasta informou que, por meio da Secretaria Executiva de Vigilância em Saúde (Sevig), "monitora ativamente o cenário epidemiológico junto aos municípios cearenses".


Diante de sintomas, a população deve utilizar máscara de proteção para evitar possível transmissão e realizar testagem nas unidades de saúde municipais, orienta a secretaria. 


Conforme Lisandra Damasceno, infectologista do Hospital São José e presidente da Sociedade Cearense Infectologia, Ceará pode passar por nova onda da covid-19. Em Fortaleza, a taxa de positividade de exames triplicou em uma semana, saindo de 1,6% para 5% no período. 

 


*Fonte: O POVO.