quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Coluna da Jacqueline - Dicotomia.


DICOTOMIA 

Nestes últimos dias recebi uma noticia triste: um pai de uma amiga faleceu  e fiz todo esforço para levar meu abraço fraterno. Pode parecer algo corriqueiro. A vida e a morte estão entrelaçadas no nosso existir. O que me levou a sentir o desejo de partilhar esse fato com vocês ? Os 104 anos e sete meses de existência do “Seu Dezinho”, como era conhecido.

Lembro-me dos seus 100 anos. Até escrevi sobre. Participei dos festejos junto com meu neto Levi que insistia em me questionar como uma pessoas fazia 100 anos. Para mente de uma criança, algo fantástico. Naquela época, seu Dezinho, pleno na sua lucidez,  irradiava alegria junto aos seus. Era lindo de se ver.
A vida é cheia de dicotomia e a mais concreta é a vida e a morte. 

Apesar de toda tristeza, pude sentir a gratidão daquela família a Deus,  por ter a graça de tê-lo por mais de 100 anos, na sua convivência. O padre Acutis que celebrou a missa de corpo presente, na sua homilia,  enfatizou a graça da vida em abundância como foi a de seu Dezinho. Não sem sofrimento, mas na graça de cumprir fielmente sua missão terrena.

Segunda-feira de carnaval. As pessoas estavam ansiosas para festejar o carnaval depois de três anos de pandemia.  Nas ruas a alegria não só pelo carnaval, mas pelos abraços e beijos dados sem a preocupação de ser contaminado  pela COVID. 

E tudo seguia tranquilamente, quando repentinamente recebemos a noticia de uma grave acidente. A mãe e dois filhos, uma criança e uma adolescente, numa moto, colidiram com um veículo. A mãe , de 32 anos , veio a óbito no local do acidente. A criança de pouco mais de sete anos, morreu no hospital e a adolescente encontra-se em estado grave. 

O coração dilacera mesmo não conhecendo as vítimas. O fato em si nos desinstala. 

Diante  fatos tão diferentes nos seus contextos pude fazer várias reflexões e dentre elas:
- Todos vamos partir, não sabemos quando. Quais marcas deixaremos nesta vida terrena?
Fernando Pessoa poetisa: O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela.

A sabedoria budista  ensina:“Se quer saber a verdade da vida e da morte, precisa refletir continuamente sobre isso: há somente uma lei que nunca muda no universo-é a de que todas as coisas mudam, todas as coisas são impermanentes.

Para nós cristãos, a revolução de Cristo ao sair vitorioso da morte também aparece quando amamos quem está do nosso lado e fazemos comunhão, ainda que nossas ideias e pensamentos sejam divergentes.

Que esta caminhada terrena  nos faça mais solidários  e que jamais nos falte o compromisso de sermos sinais de paz e unidade num mundo tão marcado por divisões!

Por uma humanidade melhor!
Jacqueline Braga