sexta-feira, 31 de março de 2023

Açudes do Ceará tiveram mais de 25% de recarga em março

Foto: Fernanda Barros

O março mais chuvoso dos últimos 15 anos fez mais do que bater a marca de 44 açudes sangrando. Os 288,5 milímetros (mm) de precipitação registrados durante o mês fizeram com que o nível dos reservatórios monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Estado (Cogerh) subisse 27,7% até sexta-feira, 31, segundo dados do Portal Hidrológico.                                


Com isso, o volume dos açudes chegou a 39,9% da capacidade, ante 31,2% no início do mês. No dia 1º, os 157 reservatórios somavam 5.795,1 hm³ d'água, com seis deles sangrando.


Desde então, os valores subiram para 7399,8 hectômetros cúbicos (hm³) nesta sexta-feira, 31. Um hm³ equivale a 1.000.000.000 (1 bilhão) de litros. Uma piscina olímpica de 50mx25mx2m tem 2,5 milhões de litros d'água.                            

                        

Em valores absolutos, a maior cheia é a do Castanhão, maior açude do Brasil. O reservatório ganhou 244 hm³ de carga entre o dia 1º e 30 de março. Com isso, a barragem que inundou a velha Jaguaribara foi de 19,81% da capacidade total para ainda tímidos 23,37%.


Ao todo, o Castanhão soma 1.565,83 hm³ — o que equivale a mais de 21% de todo o volume de água represada nos maiores açudes do Ceará.


O destaque percentual, entretanto, é outro. Trata-se do açude Banabuiú, o terceiro maior do Estado. Localizado no município homônimo, o reservatório mais do que dobrou de volume, após anos com dificuldade para "pegar água".


Ao todo, foram quase 160 hm³ de água que caiu nas partes altas do Sertão Central, uma das macrorregiões tradicionalmente mais secas do Ceará. A cifra fez o Arrojado Lisboa — nome real do Bababuiú — enchesse 115,76%.


Como base de comparação, no dia 30 de março de 2022, o Banabuiú não passava dos 8,22% da capacidade. Antes disso, em 2018, o Arrojado Lisboa chegou a apenas a 0,61%.


A alta recarga se dá por um março de muita precipitação na região hidrográfica do Banabuiú. Segundo dados do Calendário de Chuvas da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), já choveu 82,4% a mais do que a média para todo o mês de março na área.


Apesar do bom resultado em recarga da açudagem, o alto volume de chuvas afetou uma série de municípios do Sertão Central, principalmente Senador Pompeu e Milhã.


Açudes do Ceará: melhora da situação hídrica

Aumento do volume dos açudes do Ceará: 24,78%

Volume em 1º de março: 5.795,1 hm³ de água (31,2% da capacidade)

Volume em 30 de março: 7.230,9 hm³ (39% da capacidade)

Volume em 31 de março: 7.2400,7 hm³ (39.9% da capacidade)


Açudes do Ceará: qual a recarga* dos cinco maiores reservatórios?

Castanhão (Médio Jaguaribe) - Alta de 19,2%: de 1.313,64 hm³ para 1.565,83 hm³ (23,37% da capacidade)

Orós (Alto Jaguaribe) - Alta de 13,5%: de 892,75 hm³ para 1.013,34 hm³ (52,23% da capacidade)

Banabuiú (Banabuiú) - Alta de 115,76%: de 137,64 hm³ para 296,97 hm³ (19,36% da capacidade)

Araras (Acaraú) - Alta de 12,78%: de 623,89 hm³ para 703,63 hm³ (81,86% da capacidade)

Figueiredo (Médio Jaguaribe) - Alta de 110,46%: de 23,52 hm³ para 49,5 hm³ (9,96% da capacidade)


*Aumento do dia 1º ao dia 30 de março de 2023


 

*Fonte: O Povo