Brasil,
Terra amargurada
Em teu seio belo e viril
Esconde um íntimo cheio de chagas
É vermelho da mão hostil
E do Ipiranga não se ouviu
O brado de uma voz cessada.
Eu senti na pele o sangue escorrer
Ao som ardente do chicote no lombo
Vi de perto o meu povo morrer
Desejando apagar da história o Colombo
E entre os que traíram a causa
E o sofrimento sem pausa
Ainda temos a resistência e os quilombos
As crianças daqui sabem que não existe cinderela
Que princesa de verdade
É Tereza de Benguela
Que a abolição foi uma farça
Cicatrizes são eternas
E a luta dos quilombos
Hoje é a luta das favelas
Hoje sinto uma esperança
Toda vez que olho pro céu
Salve Dandara, Zumbi
E apesar do destino cruel
A certeza que a cultura
Liberta mais que a assinatura
Da princesa Isabel.