O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) volta a prestar depoimento na Polícia Federal nesta quarta-feira, 26. Já intimado, o ex-mandatário será ouvido desta vez no inquérito que investiga os ataques golpistas de 8 de janeiro (8/1), que teve como alvo material as sedes dos Três Poderes, em Brasília.
Bolsonaro passou a fazer parte da investigação depois de publicar, em uma rede social, um vídeo com fake news sobre as eleições, dois dias após a invasão dos prédios dos Três Poderes. Bolsonaro não apresentou provas sobre as acusações que fez. Após a publicação, a Procuradoria Geral da República (PGR) pediu a inclusão do nome de Bolsonaro no inquérito que apura "autores intelectuais" e instigadores dos atos.
No início de março, o ex-presidente prestou depoimento como parte da investigação sobre a entrada ilegal de joias da Arábia Saudita para ele e a esposa, Michelle Bolsonaro. Foram quase três horas de depoimento.
O depoimento de Bolsonaro deveria acontecer cerca de 72 horas após o de Anderson Torres, ex-ministro da gestão do ex-presidente. Ele estaria em condição de testemunha para prestar esclarecimentos sobre o uso da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para atrapalhar a votação de eleitores de Lula no segundo turno das eleições de 2022, especialmente na região Nordeste.
Torres está preso em um batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal há mais de 100 dias, desde janeiro. Ele estava à frente da Secretaria de Segurança do Distrito Federal, no dia dos atos, e é investigado no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura uma possível omissão dele na contenção dos invasores.
Na semana passada, no entanto, o depoimento foi cancelado e uma nova data ainda não foi marcada. Os advogados de Anderson Torres informaram à Corte que o ex-ministro está "passando por tristeza profunda, chora constantemente, mal se alimenta e já perdeu 12 quilos".
Os advogados alegam ainda que a decisão de Moraes em manter a prisão de Torres tem agravado sua situação. O quadro depressivo levou ao aumento das doses diárias de medicamentos, segundo a defesa.
O ministro negou, nesta terça-feira, 25, o pedido do deputado federal Capitão Augusto (PL-SP) para visitar Torres na prisão. O parlamentar disse que gostaria de fazer uma "visita de cortesia" ao ex-ministro.
Moraes avaliou o pedido e disse não ter fundamento legal. "Verifica-se do ofício encaminhando que o requerente não tem a intenção de visita institucional para os fins de sua atividade parlamentar, mas, tão somente “uma breve visita de cortesia”. Vê-se pois, que o requerente busca a autorização para efeito de interesse privado e não o público no pleito formulado, sem qualquer fundamento legal", escreveu o ministro.
*Fonte: O Povo