quarta-feira, 12 de abril de 2023

COLUNA DA JACQUELINE - AGONIA

Há dias que venho tentando colocar através de palavras o que venho sentindo e o que está entristecendo minha alma.

As palavras teimam em ficar  quietas . Parece que estão sem forças para voar. Insisto . Vou aos poucos e pacientemente deixando que elas pousem dando lugar a esse sentimento que não sei bem decifrá-lo: uma mistura de tristeza, angústia, fracasso e medo. Há muito tempo que esse sentimento invadiu meu coração.

As noticia são estarrecedoras. Ataques rotineiros nas escolas. Mortes de crianças e professores. Noticias desse porte não é comum e nunca será! Principalmente por acontecer no solo sagrado da escola. Dói a alma. É necessário e urgente  reavaliarmos tudo que está acontecendo a nossa volta.

Há coisas que estão além da nossa compreensão e uma delas é a mente humana. Como se comporta este entrelaçados de neurônios  que dar versão ao que verdadeiramente somos? Que sociedade é essa que alimentamos?  

O sentimento é de fracasso. Fracassamos enquanto sociedade. 

E o que mais me amedronta é acreditarmos que a violência se combate com violência. Acreditarmos que uma segurança armada, que detectores de metais, que muros possam evitar este tipo de situação caótica. A questão é bem mais complexa.

Rousseau afirma que o homem é bom por natureza  e a sociedade o corrompe. Já para  o filosofo inglês Hobbes o homem é essencialmente mal. Prefiro acreditar na primeira assertiva.

Para mim a escola é o espaço – fora de casa – mais importante para nossa constituição  como seres humanos. Há uma afirmação de uma psicanalista argentina, Silvia Bleichmar, que adotei como minha: “escola é um lugar de recuperação de sonhos”. Portanto não concordo quando vejo ou escuto alguém dizer:  as crianças  precisam ir à escola para futuramente conseguir um emprego e ganhar a vida. Isso é  contraditório à real missão da escola.

Crianças e jovens precisam estar convictos de que serão os atores do futuro e saber que estão na escola para aprender a pensar, para adquirir conhecimento, para construir sua subjetividade e, mais, para um dia, talvez, inventar alguma coisa que ajude a melhorar sua própria vida, a vida de seus concidadãos e a vida dos que ainda não nasceram. Dito de outra forma:  para um dia, talvez, inventar algo que facilite a viagem de um barco no oceano rumo a um porto distante e desconhecido onde a vida seja melhor e mais justa para todos.

Será que é essa escola que estamos oferecendo as nossas crianças e jovens ?

Concluo parafrasendo Rubem Alves: o que temos para hoje ? Morangos a beira do abismo, alegria sem razões.  A possibilidade da esperança.

Que o amor vença todas as coisas!

Amor Vincit Omnia!!!

Ana Jacqueline Braga Mendes