Há dias que venho tentando colocar através de palavras o que venho sentindo e o que está entristecendo minha alma.
As palavras teimam em ficar quietas . Parece que estão sem forças para voar. Insisto . Vou aos poucos e pacientemente deixando que elas pousem dando lugar a esse sentimento que não sei bem decifrá-lo: uma mistura de tristeza, angústia, fracasso e medo. Há muito tempo que esse sentimento invadiu meu coração.
As noticia são estarrecedoras. Ataques rotineiros nas escolas. Mortes de crianças e professores. Noticias desse porte não é comum e nunca será! Principalmente por acontecer no solo sagrado da escola. Dói a alma. É necessário e urgente reavaliarmos tudo que está acontecendo a nossa volta.
Há coisas que estão além da nossa compreensão e uma delas é a mente humana. Como se comporta este entrelaçados de neurônios que dar versão ao que verdadeiramente somos? Que sociedade é essa que alimentamos?
O sentimento é de fracasso. Fracassamos enquanto sociedade.
E o que mais me amedronta é acreditarmos que a violência se combate com violência. Acreditarmos que uma segurança armada, que detectores de metais, que muros possam evitar este tipo de situação caótica. A questão é bem mais complexa.
Rousseau afirma que o homem é bom por natureza e a sociedade o corrompe. Já para o filosofo inglês Hobbes o homem é essencialmente mal. Prefiro acreditar na primeira assertiva.
Para mim a escola é o espaço – fora de casa – mais importante para nossa constituição como seres humanos. Há uma afirmação de uma psicanalista argentina, Silvia Bleichmar, que adotei como minha: “escola é um lugar de recuperação de sonhos”. Portanto não concordo quando vejo ou escuto alguém dizer: as crianças precisam ir à escola para futuramente conseguir um emprego e ganhar a vida. Isso é contraditório à real missão da escola.
Crianças e jovens precisam estar convictos de que serão os atores do futuro e saber que estão na escola para aprender a pensar, para adquirir conhecimento, para construir sua subjetividade e, mais, para um dia, talvez, inventar alguma coisa que ajude a melhorar sua própria vida, a vida de seus concidadãos e a vida dos que ainda não nasceram. Dito de outra forma: para um dia, talvez, inventar algo que facilite a viagem de um barco no oceano rumo a um porto distante e desconhecido onde a vida seja melhor e mais justa para todos.
Será que é essa escola que estamos oferecendo as nossas crianças e jovens ?
Concluo parafrasendo Rubem Alves: o que temos para hoje ? Morangos a beira do abismo, alegria sem razões. A possibilidade da esperança.
Que o amor vença todas as coisas!
Amor Vincit Omnia!!!
Ana Jacqueline Braga Mendes