Foto: Reprodução/Fantástico |
A Comisão foi instalada na quinta-feira (25), para apurar os atos de 8 de janeiro, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas. Em menos de 48 horas após a instalação, a CPI recebeu 48 pedidos de quebra de sigilo. Entre eles, a quebra de sigilo do cearense.
Wellington está foragido há 5 meses pelo crime ocorrido em dezembro do ano passado. Á época, ele usava tornozeleira eletrônica, o que rastreou a participação dele no caso. Os outros suspeitos se entregaram à polícia.
Dentre as solicitações recebidas pela CPI, estão acesso bancário, fiscal, telefônico e telemático (reunião de todos os dados contidos em dispositivos eletrônicos, como celulares).
Os requerimentos, feitos em sua maioria, pelo PT e PDT, partidos que compõem a base do governo, ainda precisam ser aprovados pelo plenário da Comissão. A previsão é que as reuniões para votar os requerimentos comecem na próxima semana.
Natural de Sobral, a 245 quilômetros de Fortaleza, Wellington Macedo foi assessor da Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. Ele teve um cargo comissionado na Diretoria de Promoção e Fortalecimento de Direitos da Criança e do Adolescente entre fevereiro a outubro de 2019.
Wellington Macedo começou a trabalhar no meio da comunicação cobrindo notícias da região norte do Ceará. Em 2018, passou a publicar notícias alinhadas com o bolsonarismo.
No mesmo ano, o blogueiro foi alvo de, pelo menos, 59 ações por danos morais movidas por diretores de escolas do município Sobral, no interior do Ceará, por conta da série de reportagens "Educação do Mal".
Na produção dividida em quatro reportagens veiculadas em seu canal no Youtube, Wellington acusava o município de Sobral de um suposto esquema de fraudes para melhorar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) na cidade.
O blogueiro cearense teve um cargo no governo Bolsonaro e pediu dinheiro pelas redes sociais para se esconder da polícia quando já estava foragido.
Câmeras de uma loja e do próprio caminhão onde a bomba foi plantada, divulgadas pelo Fantástico dia 15 de janeiro, mostram o momento em que o carro de Wellington se aproxima lentamente do veículo, para que o cúmplice Alan Diego dos Santos Rodrigues coloque a bomba (veja no vídeo acima). Os dois homens e George Washington Oliveira de Sousa tiveram as denúncias aceitas pela Justiça.
Com forte presença nas redes sociais, Wellington teve a prisão decretada por Alexandre de Moraes por incentivar atos antidemocráticos no dia 7 de setembro de 2021. Desde então, cumpria prisão domiciliar e usava tornozeleira eletrônica. Mesmo assim, frequentava o acampamento bolsonarista.
O blogueiro também coleciona processos por vídeos atacando políticos locais e professores da rede de ensino de Sobral. O ex-advogado de Wellington Macedo, Diego Petterson, o defendeu em mais de 60 casos, mas afirmou que não possui mais contato com o cearense. "Atualmente eu não tenho contato direto com ele desde que foi residir no Distrito Federal."
De acordo com o delegado da Polícia Civil do Distrito Federal, Leonardo de Castro Cardoso, o cearense teve participação direta nos ataques contra o prédio da Polícia Federal em Brasília no dia 12 de dezembro do ano passado. Na ocasião, bolsonaristas radicais tentaram invadir prédio da PF e incendiaram veículos.
Participação direta nos ataques
"Nós conseguimos comprovar que no dia 12 de dezembro o cearense e o outro praticaram também atos de depredação. A prisão dos dois também foi decretada. Eles têm dois mandados de prisão em aberto em cada um deles".
"Ficou comprovado que ele participou disso. Ter colocado a bomba perto do caminhão", explicou Leonardo de Castro Cardoso.
Segundo a investigação, Alan recebeu a bomba de George no QG do Exército e, então, teve a ajuda de Wellington, que dirigiu até o local do atentado. Foi o monitoramento da tornozeleira eletrônica dele que permitiu à polícia refazer os passos dos dois naquela noite, e o Fantástico obteve, com exclusividade, as imagens da ação dos criminosos.
*Fonte: g1