terça-feira, 30 de maio de 2023

Paciente com câncer tem remissão completa após terapia celular no SUS

Foto: Reprodução/Instagram

O publicitário e escritor Paulo Peregrino tem 61 anos mas desde os 48 anos lutava contra vários tipos de câncer - o primeiro a surgir havia sido o de próstata, em 2010, e com o passar dos anos outros foram aparecendo. Depois surgiu o câncer no sistema linfático, o Linfoma ou Doença de Hodgkin.


Quando Paulo já estava prestes a receber cuidados paliativos, ou seja, quando já estava em vias de ser preparado para um estágio final da vida, ele foi submetido ao tratamento de terapia celular em abril deste ano, no Sistema Único de Saúde (SUS). Em apenas um mês, teve remissão completa do câncer.


“A sensação, ao fim de tudo, é de uma gratidão infinita a Deus, no tamanho e no tempo”, escreveu o publicitário em uma postagem do Instagram. “Tenho concedido várias entrevistas mas repito o que disse a vários médicos: Só quero que as informações e o conhecimento adquirido com meu caso possam servir a outros pacientes no futuro.”, destacou.


Terapia Celular CAR-T: conheça técnica usada na remissão do câncer

A técnica, chamada de Terapia Celular CAR-T, foi desenvolvida pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com o Instituto Butantan e o Hemocentro de Ribeirão Preto.


O tratamento consiste em fazer com que as células de defesa do paciente sejam modificadas em laboratório para aprender a eliminar a doença. Essas células depois são recolocadas no paciente, fazendo com que o próprio corpo combata o tumor.


Lembrando que a remissão não é exatamente “a cura” do câncer, mas que os sinais e sintomas dele estão reduzidos ou ausentes (o que não impede que ele volte ao mesmo lugar ou em outro, por exemplo).


A Terapia Celular CAR-T é acessível a qualquer pessoa?

Atualmente o método está sendo estudado no Brasil para o tratamento de dois tipos de cânceres: a leucemia linfoblástica B, que é responsável por 75% dos casos de leucemia em crianças e adolescentes, e o linfoma não Hodgkin de células B, ambos relacionados ao sangue.


No entanto, o médico hematologista Dimas Covas, coordenador do Centro de Terapia Celular da USP e do Núcleo de Terapia Celular do Hemocentro de Ribeirão Preto, diz que o tratamento pode ser estendido para outros tipos de cânceres.


O tratamento existe na rede privada, mas custa pelo menos R$ 2 milhões por pessoa, valor semelhante ao cobrado por hospitais que aplicam a técnica nos Estados Unidos.


Atualmente, 14 pacientes foram tratados pela rede pública utilizando a técnica, e todos tiveram remissão de ao menos 60% dos tumores. No segundo semestre, segundo publicação feita na nesta segunda-feira pelo Hemocentro, outros 75 pacientes devem ter a chance de participar do estudo clínico.


O primeiro caso de sucesso desse grupo, inclusive, havia sido divulgado em 2019, mas morreu no mesmo ano, vítima de um traumatismo craniano causado por um acidente.


 *Fonte: O Povo