Foto: Divulgação UFC |
Pesquisadores do Núcleo de tecnologia do Estado do Ceará (Nutec) e da Universidade Federal do Ceará (UFC) estão desenvolvendo técnicas para recuperação de metais em placas de computadores. O objetivo é reduzir a necessidade de extração e possibilitar uma alternativa viável para ser utilizada por catadores de lixo no Estado.
Atualmente, não há empresas no Ceará que prestem o serviço de recuperação de metais do lixo eletrônico, como coloca o professor do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da UFC, Mauro Andres Cerra Florez, que faz parte do projeto.
Segundo o professor, o lixo eletrônico muitas vezes precisa ser destinado a outros estados como Rio de Janeiro e São Paulo para que seja realizada a extração.
Para ele, é importante que a tecnologia seja desenvolvida e esteja disponível no Ceará. Além disso, o projeto busca tornar essa recuperação mais simples, para que ela possa ser realizada também por catadores de lixo como uma forma de beneficiar financeiramente as atividades deles.
O projeto-piloto, que teve início no segundo semestre de 2022, conta com seis pesquisadores e está trabalhando na quantificação de metais no lixo eletrônico de computadores para definir as técnicas de recuperação viáveis.
“A gente está utilizando algumas técnicas hidrometalúrgicas para tentar dissolver toda essa placa e poder separar o material, os polímeros e outros materiais que a gente não quer, e deixar somente um licor rico nesses metais. Com esse licor, a gente pode tomar uma alíquota, uma parte dessa solução, e analisar qual é a composição química e concentração dos metais e, com isso, determinar qual o melhor processo para então separar o ouro ou então os metais”, explica Mauro.
No momento, seis pesquisadores trabalham no projeto, dois professores da UFC, dois estudantes e dois pesquisadores do Nutec. Os pesquisadores buscam angariar investimentos que possibilitem a disponibilização de bolsas para que mais estudantes possam trabalhar na pesquisa.
O estudante da graduação de Engenharia Metalúrgica da UFC, Alex Mesquita, começou a trabalhar no projeto em março deste ano e conta que tem estudado mais sobre o assunto e sobre possibilidades de aplicação disso no dia a dia das pessoas e na indústria.
Ele acredita que a participação no projeto deve engrandecer a experiência dele na graduação, pois além do âmbito acadêmico teórico, poderá aplicar na prática o conhecimento adquirido nas disciplinas do curso de Engenharia.
Para Alex, a mudança de visão do descarte incorreto de materiais eletrônicos é fundamental. “É uma área que, com o incentivo certo, irá trazer excelentes resultados em um futuro próximo", opina.
No âmbito da indústria, o Nutec já esteve em contato com empresas interessadas na transferência de tecnologia dos processos de extração dos metais.
“Gosto de pensar que o projeto é uma porta que se abre para um universo de possibilidades, sejam elas em pesquisas acadêmicas, em novos métodos de reciclagem para a indústria ou, até mesmo, em novas fontes de renda para recicladores autônomos, de modo a trazer um impacto positivo no âmbito ambiental, social e econômico”, afirma Alex.