quinta-feira, 20 de julho de 2023

Ceará é o estado que mais mata população LGBTQIA+, diz Anuário da Segurança Pública

Foto: Kid Júnior/ Sistema Verdes Mares

O Ceará é o estado que mais registra homicídios da população LGBTQIA+ no Brasil. Com 32 mortes registradas em 2022, o estado segue como primeiro lugar no levantamento do Anuário Brasileiro da Segurança Pública. Em 2021, o número foi de 31 homicídios da população LGBTQIA+ no estado.


O levantamento é realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública desde 2007, tendo por base dados e indicadores oficiais. Os dados referentes a 2022 foram divulgados nesta quinta-feira (20).


Seis estados não têm informações sobre os crimes contra pessoas LGBTQIA+ no documento: Acre, Bahia, Maranhão, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo.


No Brasil, os homicídios de pessoas LGBTQIA+ somaram 163 casos em 2022.


Outro número trazido no levantamento é o de lesões corporais. Foram 435 registros de agressões físicas a pessoas LGBTQIA+ no Ceará em 2022. O dado representa um aumento de 28% em relação a 2021, quando houve 339 casos de agressões físicas.


Para as lesões corporais, os estados que lideraram os registros foram Pernambuco (540 casos) e Minas Gerais (517).


O Anuário traz, ainda, o número de estupros registrados para esta população: foram 32 registros para este crime no Ceará. A estatística teve uma queda de 27% em relação a 2021, quando houve 44 casos de estupro registrados.


Problema é maior que o registrado

A subnotificação é uma característica observada desde que o Anuário começou a incluir dados da violência contra a população LGBTQIA+, em 2019.


Conhecer os números é importante para identificar as dimensões do problema e definir agendas políticas, além de implementar, avaliar e monitorar políticas públicas, conforme análise de Dennis Pacheco, mestrando em Ciências Humanas e Sociais na Universidade Federal do ABC (UFABC) e pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.


"Quanto aos dados referentes a LGBTQIA+ vítimas de lesão corporal, homicídio e estupro, seguimos com a altíssima subnotificação. Como de costume, o Estado demonstra-se não incapaz, porque possui capacidade administrativa e recursos humanos para tanto, mas desinteressado em endereçar e solucionar", aponta o pesquisador.


O Fórum aponta, ainda, que os dados oficiais informados por 21 estados brasileiros estão muito abaixo de levantamentos feitos pela sociedade civil, que possui menos recursos que a administração pública. E indica a comparação do total de vítimas de homicídios no Brasil em 2022:

163 pessoas LGBTQIA+ mortas, segundo dados oficiais dos estados no Anuário Brasileiro de Segurança Pública

256 pessoas LGBTQIA+ mortas, conforme levantamento do Grupo Gay da Bahia (GCB)

131 pessoas trans e travestis mortas, segundo relatório anual da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA)


Conforme complementa o pesquisador Dennis Pacheco, a fragilidade dos dados leva a refletir também sobre a precarização do atendimento às vítimas e das investigações das ocorrências.

 


*Fonte: g1