quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Casos de meningite preocupam autoridades no Ceará

Os casos de meningite notificados no Ceará neste ano já somam quase o total registrado ao longo do ano passado. Até o último dia 15 de setembro, o Estado registrou 324 casos confirmados da doença. Em 2022, foram 328 notificações de meningite de todas as etiologias. Ao todo, a doença possui oito tipos. As informações são da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).O cenário chama atenção visto que a cobertura vacinal da doença está 10% abaixo da meta. Segundo dados atualizados até março de 2023, o Ceará apresenta cobertura de 85,21% em bebês de 12 meses, público-alvo da imunização. A meta, no entanto, é de 95%. As informações são da plataforma IntegraSuS, da Sesa. Especialistas alertam para o cenário, visto que a doença é considerada grave e com evolução rápida. 


De acordo com o médico pediatra Eugênio Pacelli, o cenário é de preocupação. “Se a gente tiver uma diminuição da cobertura vacinal podemos ter mais casos de meningite. E vale ressaltar que a meningite bacteriana é considerada uma doença grave e exige internação hospitalar. Uma redução da cobertura nos preocupa pelo risco do aumento de casos”, alerta.


O balanço de casos deste ano aponta que pessoas entre 30 a 39 anos lideram o número de confirmações da doença, com 68 casos, dos 324. Em seguida, aparecem pessoas entre 40 a 49 anos, com 51 casos e, posteriormente, o público de 20 a 29 anos, com 48 confirmações de meningite, considerando todas as etiologias. A meta da cobertura vacinal da doença, ou seja, apenas no caso da meningite bacteriana, é destinada a crianças de 6 meses a 1 ano, visto que elas são as mais vulneráveis à meningite meningococo. O pediatra Eugênio Pacelli explica que, geralmente, elas ainda não desenvolveram anticorpos para combater a doença e por isso são mais vulneráveis. No balanço de casos, o público registrou 19 confirmações da doença, considerando, no entanto, todas as etiologias.  Conforme o infectologista Anastácio Queiroz, todo aumento de casos de meningite deve ser alertado para que os mecanismos de prevenção possam ser acionados e que a população procure os equipamentos de saúde para a vacinação e demais informações sobre a doença. Assim como é necessário, segundo Anastácio, que as equipes de saúde tratem de maneira rápida o problema.


O especialista explica que a doença é uma inflamação das meninges, que são as membranas que envolvem o cérebro. A doença é causada, principalmente, por bactérias ou vírus, portanto são diversos os tipos de meningites. Ao todo, são oito tipos: meningite meningocócica, tuberculosa, por outras bactérias, não especificada, asséptica (viral), meningite de outra etiologia, meningite por hemófilo e por pneumococos.“É uma doença que preocupa a todos e é um desafio atingir a meta, mas não é difícil porque está com percentual próximo. É importante fazer aqueles dias destinados apenas para essa cobertura, como os dias “Ds”. A população é muito cooperativa quando ela é chamada nesses momentos”, analisa o infectologista.Os óbitos pela doença no Estado, registrados até o último sábado, 23, somam 29 casos, um a mais do que ao longo do ano passado, que notificou 28 mortes. Os dados foram divulgados pela Sesa ontem.


A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) foi procurada pelo O POVO nessa segunda-feira, 25, solicitando os casos de Fortaleza, mas a pasta não retornou até o fechamento desta matéria.Meningite bacteriana tem quase o dobro de casos do ano passadoConsiderada a mais preocupante, a meningite bacteriana soma, neste ano, dois casos a mais do que em 2022. Foram registrados até o último dia 15 de setembro, seis casos da doença. Ao longo do ano passado, o Estado teve quatro registros. Ela é causada por uma bactéria, o meningococo e é contagiosa. Além disso, especialistas destacam que, caso não tratada, sua evolução é rápida, onde a vítima pode vir a óbito em menos de 24 horas.De acordo com o Ministério da Saúde, a transmissão da doença acontece através da fala, tosse, espirros e beijos, por exemplo. O órgão destaca que nem todos que adquirem o meningococo ficam doentes, pois o organismo se defende com os anticorpos que cria através do contato com essas mesmas bactérias, adquirindo portanto, resistência à doença. Os sintomas, por sua vez, são característicos e podem auxiliar na identificação da doença de forma mais rápida.


 O pediatra Eugênio Pacelli destaca que a única prevenção desse tipo de meningite é por meio da vacina. Apesar do público-alvo ser bebês de até 12 meses, todas as faixas etárias podem receber o imunizante. “A vacinação é durante o ano todo e ela é o melhor método de se evitar o contágio pela meningite”, pontua. Outras formas de prevenção incluem: evitar aglomerações, manter os ambientes ventilados e a higiene ambiental. Ele destaca que qualquer caso de meningite precisa ser comunicado às autoridades sanitárias, pelo médico ou pelo hospital onde o paciente está sendo tratado.


 *Fonte: O Povo