quarta-feira, 4 de outubro de 2023

Ceará - Entenda riscos para a sua internet caso usina seja criada perto de cabos submarinos

Foto: Reprodução 

Uma combinação de fatores explica por que a Praia do Futuro foi escolhida para receber a usina que vai retirar os sais da água do mar para socorrer Fortaleza nos períodos de seca. O projeto despertou a reação das empresas telefônicas pela proximidade com os cabos submarinos que trazem a internet da Europa e conectam o resto do país.


A iniciativa para construir a usina de dessalinização é liderada pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), vinculada à gestão estadual. As obras serão feitas por meio de Parceria Público-Privada com o consórcio Águas de Fortaleza, que venceu edital com investimento previsto de R$ 3,2 bilhões.


Para tornar a água do mar potável para o consumo humano, a região definida para receber a planta é considerada como um dos pontos de melhor qualidade da água na capital cearense. Isso facilita o processo de dessalinização, conforme explica Neuri Freitas, presidente da Cagece.


"É uma água que se renova muito, então a gente não tem muita sujeira, não tem algas. Com a água de melhor qualidade, você acaba otimizando o seu custo lá na estação de tratamento. Porque quanto pior a água, maior o custo na estação de tratamento", detalha o gestor.


Segundo Neuri, as boas condições da Praia do Futuro justificam por que o projeto não foi levado para outra praia da capital. Um exemplo é a Praia de Iracema, onde a presença dos espigões dificulta a dinâmica de renovação das águas e resulta em maior concentração de algas e outros resíduos.

Os fatores que contaram para a escolha da Praia do Futuro:

A qualidade da água é melhor. Isso reduz os custos operacionais da dessalinização, possibilitando também que as tarifas da água tratada sejam menores.


A região tem boas condições de correntes marinhas. Sem impedimentos, como os causados pelos espigões em outras praias, a dinâmica das correntes e da renovação das águas facilita a diluição da salmoura — o rejeito do processo de dessalinização, que consiste em uma água com alta concentração de sais a ser transportado de volta para o mar.


A praia fica mais perto dos reservatórios que receberão a água potável. Depois de tratada, a água será levada para dois pontos de Fortaleza: os reservatórios do Morro Santa Terezinha e da Aldeota. Caso o projeto fosse instalado na Praia do Pecém, o custo da obra seria maior para transportar a água por mais de 50 quilômetros.


A ideia de ter a usina no Pecém foi bastante discutida, contextualiza Neuri Freitas. A região abriga o Complexo Industrial e Portuário do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, município na Região Metropolitana de Fortaleza. No entanto, essa decisão implicaria em mais custos com uma adutora que transportasse a água tratada até Fortaleza.


Fonte: g1