quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Relatório do Unicef aponta que 8 em cada 10 crianças e adolescentes no Ceará vivem na pobreza


A cada dez crianças e adolescentes no Ceará, oito viveram alguma dimensão da pobreza em 2022. Isso quer dizer que 80% deste público no estado teve dificuldades ou falta de acesso a pelo menos um dos direitos básicos: educação, renda, informação, água potável, saneamento e moradia. O levantamento é do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

No Ceará, as maiores carências estão relacionadas ao saneamento básico e à renda. As privações para estes dois componentes atingem mais da metade das crianças e dos adolescentes.

Os dados são do relatório "Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no Brasil", divulgado pelo Unicef nesta terça-feira (10). O documento analisa resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC) Anual, contemplando os anos de 2016 a 2022.

Esta análise permite acompanhar as dimensões da pobreza que vão além da renda e que impactam na qualidade de vida deste público, explanou Santiago Varella, especialista em Políticas Sociais do Unicef no Brasil, durante entrevista coletiva.

Crianças e adolescentes de 0 a 17 anos com privações de direitos no Ceará - 2022

Informação: 4,09%
Educação: 8,28%
Água: 9,4%
Moradia: 9,48%
Saneamento: 50,12%
Renda: 56,41%
Total (pelo menos uma das privações acima): 80%
O índice sobre o saneamento básico revela a situação de ausência ou precariedade de acesso a banheiros ou redes de esgoto.

Segundo Varella, esse é um dos direitos básicos violados com mais frequência dentre os acompanhados no estudo, sendo um desafio de difícil mitigação por envolver investimentos em infraestrutura.

“Em geral, a literatura (acadêmica) comenta que essa é uma violação extremamente relevante porque dela derivam outras violações, como as privações de saúde para as famílias, com reflexo em todo o resto da qualidade de vida, desde o desempenho educacional até o bem-estar psicoemocional”, comentou o especialista.

Privações extremas
O levantamento também detalha os índices separando as privações intermediárias e extremas. Como explica Varella, as privações intermediárias apontam a baixa qualidade de acesso a um direito, enquanto as extremas revelam a falta de acesso.

No Ceará, o cenário de privação extrema é mais relevante para o acesso à renda. Para este item, é levada em conta a pobreza monetária extrema: quando a renda familiar resulta em menos de R$ 220 mensais por pessoa nas áreas urbanas e R$ 180 nas zonas rurais.
 


*Fonte: g1