sábado, 25 de novembro de 2023

Escolas do Ceará recebem prêmio por boas práticas antirracistas

Escolas do Ceará receberam na manhã desta sexta-feira, 24, a premiação Selo Escola Antirracista. A solenidade de premiação faz parte das ações do Novembro Negro, além da Semana Estadual da Consciência Negra. Ao todo, 31 unidades de ensino da rede pública estadual foram reconhecidas por boas práticas na área da Educação para as Relações Étnico-Raciais.


A premiação das escolas com o Selo marca o encerramento do II Seminário Estadual em Educação para as Relações Étnico-Raciais. Iniciado no último dia 22, o seminário tem realizado programação voltada para o enfrentamento ao racismo estrutural, como oficinas sobre identidades de raça e gênero em escolas e produções de materiais didático-pedagógicos.


A solenidade de encerramento ocorreu na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece), em Fortaleza. Para a certificação das escolas, foram levados em conta projetos pedagógicos inovadores, nos aspectos da inclusão educacional e da superação do racismo, que fortalecessem o pensamento crítico, o protagonismo estudantil e a interação com a comunidade escolar.Ao todo, 101 escolas se inscreveram na seleção, e mais de mais de mil boas práticas em gestão para equidade étnico-racial, realizadas ao longo do ano, foram identificadas.De acordo com o secretário executivo de Equidade e Direitos Humanos, Helder Nogueira, a certificação deve continuar a ser realizada nos próximos anos. “Buscaremos transformar isso em Lei estadual, apresentando uma proposta à Assembleia para oficializar o 'Selo Escola Antirracista do Estado do Ceará'. A cada ano, pretendemos ampliar o número de escolas que recebem o selo e promover boas práticas ao longo do ano letivo”, declarou.


Helder Nogueira adianta que, no próximo ano, o tema deve seguir a temática de gênero e proteção às mulheres negras. “Isso reforça nosso compromisso com a escola antirracista e destaca a necessidade de ações que protejam nossas meninas negras diante dos dados preocupantes de violência e evasão escolar. A discussão é essencial para promover aprendizados significativos para todos”, conclui o secretário.


Confira as unidades de ensino certificadas com o I Selo Escola Antirracista:

EEMTI Valdo De Vasconcelos Rios

EEEP Lucia Helena Viana Ribeiro

EEEP Professora Alda Façanha

EMTI De Cascavel

EEMTI Raimundo Tomaz

EEMTI Custódio Da Silva Lemos

EEEP Alfredo Nunes De Melo

EEMTI Jaime Tomaz De Aquino

EEEP Antonio Tarcísio Aragão

EEM Júlia Alenquer Fontenele

EEMTI Coronel Humberto Bezerra

EEM Professora Eudes Veras

EEMTI Professor Antônio Martins Filho

EEEP Dona Creusa Do Carmo Rocha

EEMTI Monsenhor Linhares

EEMTI Irmã Lins

EEEP Jaime Alencar De Oliveira

EEEP Francisca Neilyta Carneiro Albuquerque

EEEP Maria Môsa Da Silva

EEEP Eusébio De Queiroz

EEEP José Maria Falcão

EEMTI Luizete Albano De Freitas Menezes

EEMTI Adahil Barreto Cavalcante

EEMTI José Tristão Filho

EEMTI Manuel Ferreira Da Silva

EEMTI Juvêncio Barreto

EEMTI Waldir Leopércio

EEEP Antonio Rodrigues De Oliveira

EEEP Darcy Ribeiro

EEFM Dona Clotilde Saraiva Coelho

EEEP Irmã Ana Zélia Da Fonseca


Reformulação do projeto pedagógico

Uma das premiadas, a EEEP Professora Alda Façanha realizou uma série de tarefas como a reformulação do seu Projeto Político-Pedagógico, criação de palestras, oficinas práticas e até a gestão do espaço físico.


“Queremos transformar a escola, incluindo a formação continuada dos professores. Buscamos sensibilizá-los para esse tema, para sensibilizar também os alunos. É um tema muito relevante para eles, principalmente porque a maioria são negros, pretos e pardos, que vivem o racismo, mas nem sempre estão familiarizados com alguns conceitos e têm curiosidades sobre autoidentificação”, comenta a coordenadora pedagógica da escola, a professora Lara Saraiva.Neste ano, o II Seminário Estadual em Educação para as Relações Étnico-Raciais teve como temática “Mulheres negras – tecendo vivências e trajetórias”. Sobre isso, a socióloga e antropóloga ressalta que as escolas devem manter as atividades como um compromisso cotidiano, não apenas em novembro (mês da Consciência Negra).“Quanto às mulheres negras, é fundamental destacar que elas são o grupo mais vulnerável e, por muito tempo, foram invisíveis nos próprios movimentos sociais. Queremos cuidar das nossas alunas negras, que muitas vezes não são reconhecidas por sua inteligência, sendo julgadas apenas por critérios estéticos. Queremos empoderá-las. Como disse Nina Simone: ‘Liberdade é não ter medo’. Queremos que nossas alunas negras vivam sem medo, sejam livres e se empoderem”, destaca Lara Saraiva.


Leonardo Nunes Bezerra, de 17 anos, é estudante da EEEP Dona Creusa do Carmo Rocha, de Fortaleza. Ele é membro do coral afro-referenciado Canto em Grupo. Para ele, é gratificante se sentir representado e poder expressar sua identidade no ambiente escolar.“Acredito que é importante que esses assuntos sejam tratados de forma mais natural, para que as pessoas não vejam as pautas raciais como algo negativo. Isso também se aplica às crianças pequenas, que devem se sentir representadas desde cedo para que possam desenvolver uma compreensão saudável de quem são”, diz o estudante.

 


*Fonte: O Povo