Escolas do Ceará receberam na manhã desta sexta-feira, 24, a premiação Selo Escola Antirracista. A solenidade de premiação faz parte das ações do Novembro Negro, além da Semana Estadual da Consciência Negra. Ao todo, 31 unidades de ensino da rede pública estadual foram reconhecidas por boas práticas na área da Educação para as Relações Étnico-Raciais.
A premiação das escolas com o Selo marca o encerramento do II Seminário Estadual em Educação para as Relações Étnico-Raciais. Iniciado no último dia 22, o seminário tem realizado programação voltada para o enfrentamento ao racismo estrutural, como oficinas sobre identidades de raça e gênero em escolas e produções de materiais didático-pedagógicos.
A solenidade de encerramento ocorreu na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece), em Fortaleza. Para a certificação das escolas, foram levados em conta projetos pedagógicos inovadores, nos aspectos da inclusão educacional e da superação do racismo, que fortalecessem o pensamento crítico, o protagonismo estudantil e a interação com a comunidade escolar.Ao todo, 101 escolas se inscreveram na seleção, e mais de mais de mil boas práticas em gestão para equidade étnico-racial, realizadas ao longo do ano, foram identificadas.De acordo com o secretário executivo de Equidade e Direitos Humanos, Helder Nogueira, a certificação deve continuar a ser realizada nos próximos anos. “Buscaremos transformar isso em Lei estadual, apresentando uma proposta à Assembleia para oficializar o 'Selo Escola Antirracista do Estado do Ceará'. A cada ano, pretendemos ampliar o número de escolas que recebem o selo e promover boas práticas ao longo do ano letivo”, declarou.
Helder Nogueira adianta que, no próximo ano, o tema deve seguir a temática de gênero e proteção às mulheres negras. “Isso reforça nosso compromisso com a escola antirracista e destaca a necessidade de ações que protejam nossas meninas negras diante dos dados preocupantes de violência e evasão escolar. A discussão é essencial para promover aprendizados significativos para todos”, conclui o secretário.
Confira as unidades de ensino certificadas com o I Selo Escola Antirracista:
EEMTI Valdo De Vasconcelos Rios
EEEP Lucia Helena Viana Ribeiro
EEEP Professora Alda Façanha
EMTI De Cascavel
EEMTI Raimundo Tomaz
EEMTI Custódio Da Silva Lemos
EEEP Alfredo Nunes De Melo
EEMTI Jaime Tomaz De Aquino
EEEP Antonio Tarcísio Aragão
EEM Júlia Alenquer Fontenele
EEMTI Coronel Humberto Bezerra
EEM Professora Eudes Veras
EEMTI Professor Antônio Martins Filho
EEEP Dona Creusa Do Carmo Rocha
EEMTI Monsenhor Linhares
EEMTI Irmã Lins
EEEP Jaime Alencar De Oliveira
EEEP Francisca Neilyta Carneiro Albuquerque
EEEP Maria Môsa Da Silva
EEEP Eusébio De Queiroz
EEEP José Maria Falcão
EEMTI Luizete Albano De Freitas Menezes
EEMTI Adahil Barreto Cavalcante
EEMTI José Tristão Filho
EEMTI Manuel Ferreira Da Silva
EEMTI Juvêncio Barreto
EEMTI Waldir Leopércio
EEEP Antonio Rodrigues De Oliveira
EEEP Darcy Ribeiro
EEFM Dona Clotilde Saraiva Coelho
EEEP Irmã Ana Zélia Da Fonseca
Reformulação do projeto pedagógico
Uma das premiadas, a EEEP Professora Alda Façanha realizou uma série de tarefas como a reformulação do seu Projeto Político-Pedagógico, criação de palestras, oficinas práticas e até a gestão do espaço físico.
“Queremos transformar a escola, incluindo a formação continuada dos professores. Buscamos sensibilizá-los para esse tema, para sensibilizar também os alunos. É um tema muito relevante para eles, principalmente porque a maioria são negros, pretos e pardos, que vivem o racismo, mas nem sempre estão familiarizados com alguns conceitos e têm curiosidades sobre autoidentificação”, comenta a coordenadora pedagógica da escola, a professora Lara Saraiva.Neste ano, o II Seminário Estadual em Educação para as Relações Étnico-Raciais teve como temática “Mulheres negras – tecendo vivências e trajetórias”. Sobre isso, a socióloga e antropóloga ressalta que as escolas devem manter as atividades como um compromisso cotidiano, não apenas em novembro (mês da Consciência Negra).“Quanto às mulheres negras, é fundamental destacar que elas são o grupo mais vulnerável e, por muito tempo, foram invisíveis nos próprios movimentos sociais. Queremos cuidar das nossas alunas negras, que muitas vezes não são reconhecidas por sua inteligência, sendo julgadas apenas por critérios estéticos. Queremos empoderá-las. Como disse Nina Simone: ‘Liberdade é não ter medo’. Queremos que nossas alunas negras vivam sem medo, sejam livres e se empoderem”, destaca Lara Saraiva.
Leonardo Nunes Bezerra, de 17 anos, é estudante da EEEP Dona Creusa do Carmo Rocha, de Fortaleza. Ele é membro do coral afro-referenciado Canto em Grupo. Para ele, é gratificante se sentir representado e poder expressar sua identidade no ambiente escolar.“Acredito que é importante que esses assuntos sejam tratados de forma mais natural, para que as pessoas não vejam as pautas raciais como algo negativo. Isso também se aplica às crianças pequenas, que devem se sentir representadas desde cedo para que possam desenvolver uma compreensão saudável de quem são”, diz o estudante.
*Fonte: O Povo