A trajetória de uma associação comunitária na zona rural de Brejo Santo
Em 2021, a Associação de Moradores, Antigos Moradores e Admiradores da Comunidade do Compra Fiado - AMAMCCF, através do projeto cultural Memórias do Compra Fiado e seus voluntários(as) e parceiros(as), se juntaram movidos pela vontade dos mais idosos do lugar para promover o reavivamento de costumes coletivos que estavam se perdendo em meio ao tempo. A preocupação tornou-se ainda mais acentuada por conta do contexto de isolamento causado pela COVID-19, onde as pessoas, principalmente os jovens e as crianças, mergulharam no uso demasiado das redes sociais como forma de entretenimento.
A preocupação dos mais experientes era de que as vivências comunitárias construídas tão fortemente em anos anteriores, se perdessem no tempo.
Esse fato promoveu o encontro de gerações debaixo dos pés de jatobás, um território comum para os moradores e moveu diálogos e ações de reavivamento das memórias e tradições antes realizadas e a reabertura da associação comunitária com uma nova configuração, dessa vez, alcançando um público que se estende para além da comunidade. Desde 06 de agosto de 2021, data de ativação da situação cadastral regulamentada, que a linha temporal vem sendo marcada por diversas conquistas, envolvendo a associação e o projeto comunitário.
Nesse contexto podemos citar a oportunidade de realizar inúmeras atividades culturais tais como: festas juninas, lançamentos de livros, roda de histórias envolvendo a comunidade e visitantes, palestras socioeducativas, cinema comunitário, produção e apresentação de minidocumentário sobre as paisagens, as pessoas e a história do lugar, a construção de um mini museu (casa de taipa) que apoia e salvaguarda a narração das memórias, a revitalização do espaço comunitário dos pés de jatobás, a realização do primeiro Festival dos jatobás, para promover ainda mais a preservação não somente do espaço, mas da vegetação presente ali, como também chamar atenção da população em geral para a necessidade de cuidar para que o jatobá não seja extinto.
Pode-se destacar que pesquisas científicas foram e estão sendo realizadas por iniciativas próprias e em colaboração com instituições como a Universidade Regional do Cariri - URCA. Dentre elas podemos citar, três artigos científicos e uma dissertação de mestrado publicados sobre a relação entre a oralidade, a valorização da educação e a promoção da leitura na comunidade, e muitas outras ainda virão. Vale ressaltar também que em nome da associação, já conquistamos certificação de Ponto de Memória pelo Instituto Brasileiro de Museus - IBRAM, conseguimos o cadastro no Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas do Ceará para a Biblioteca Comunitária Maria Alexandrina do Nascimento, homenageando a primeira professora do lugar e recentemente, no dia 07 de dezembro, recebemos o status de Ponto de Cultura concedido pelo Ministério da Cultura por meio da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural.
Todas as conquistas vêm contribuindo com o fortalecimento da associação enquanto entidade que promove ações de fomento à cultura em nossa comunidade e vem favorecendo o trabalho coletivo, o protagonismo intergeracional nas vivências, a participação na salvaguarda da memória, a construção da identidade e o senso de pertencimento a uma história e a um lugar.
Fácil não é e sem parcerias, é impossível. É clichê, mas é verdade: A união faz a força. Sigamos então.
Professoras Sandra Sousa e Veridiane Rosa.
