quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Ceará não atinge índice recomendado pela OMS para vacinação contra o HPV

Foto: Reprodução

O índice de vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) no Ceará está abaixo do nível recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para garantir o controle da infecção. De janeiro a outubro de 2023, 87% das meninas cearenses entre 9 e 14 anos tinham tomado a primeira dose do imunizante e apenas 62% completaram o esquema vacinal. Os dados são da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).O percentual está abaixo da representatividade ideal estipulada pela OMS, que prevê 90% de imunização completa entre as meninas até 15 anos de idade. A meta faz parte da estratégia 90-70-90, que estipula metas para o combate ao papilomavírus até 2030.


Além do aumento da vacinação, outros dois objetivos são alçados pela Organização. São eles o acompanhamento de 70% das mulheres entre 35 e 45 anos de idade (faixa etária mais recorrente nas manifestações mais graves da infecção) e tratamento de 90% das lesões pré-cancerosas e de câncer invasivo. O cenário se torna mais preocupante se analisados os números referentes ao público masculino de mesma idade: apenas 59% iniciou o calendário de vacinação e 32% tomou a dose final.


Estratégias para aumento da vacinação

Ações dentro das escolas e mutirões nos postos de saúde são realizados para aumentar a vacinação contra o HPV. Segundo a titular da Coordenadoria de Imunização (Coimu) da Sesa, Ana Karine Borges, as medidas já resultaram no crescimento da participação infanto-juvenil no índice.


“Em 2023 a gente volta com essa estratégia de vacinação dentro das escolas e já observa, depois de todas essas estratégias, um incremento de 30% no processo de adesão à vacina do HPV, principalmente no grupo alvo de meninas”, comenta. A prática será continuada neste ano e ocorrerá entre os dias 18 de março e 19 de abril nas instituições de ensino fundamental em todo o Estado, em parceria com a secretaria de educação de cada município. Além das escolas, o imunizante também pode ser acessado nos postos de saúde, com a realização mensal de um dia "D" voltado à vacinação contra o HPV. Neste mês de fevereiro, a o dia "D" será realizado no último sábado do mês, 24. As doses estão disponíveis para o público de ambos os sexos.


“Todos os meses a gente define um sábado para essa mobilização, porque o adolescente não vai buscar a sala de vacinação sozinho. Ele precisa ali de um acompanhante, dos pais ou responsáveis. O sábado, querendo ou não, é uma oportunidade de levar os filhos para atualizar a vacinação”, acrescenta a coordenadora. Ainda de acordo com Ana, um dos principais desafios para alcançar os índices desejáveis de imunização é a baixa cobertura em crianças de 9 e 10 anos, idades iniciais da vacinação, devido a uma aversão dos pais ao imunizante. “A gente tem uma maior adesão nesses grupos de meninas e meninos em grupos de faixas etárias maiores. A gente vai precisar buscar principalmente essas fases iniciais, de 9 e 10 anos, onde a cobertura vacinal está bem abaixo do esperado”, conclui.


O que é o HPV

Pertencente ao grupo das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), o HPV está entre os vírus mais recorrentes do mundo. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde (MS), o papilomavírus atinge 54% das mulheres e 41% dos homens sexualmente ativos no Brasil. Conforme a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), órgão da OMS nas Américas, existem mais de 200 tipos de HPV, dos quais 14 representam um maior risco aos seres humanos. Apesar dos muitos tipos de vírus e considerável taxa de infecção, o HPV em poucas ocasiões gera problemas mais sérios para o corpo e na maioria das vezes é combatido pelo nosso sistema imunológico, como explica o oncologista Alysson Barreto. “Existe uma minoria, entre 2% a 5% dos casos, em que esse HPV entra em contato com as suas células, fica lá dentro e causa inflamação. Ele começa a destruir o DNA dessas células pouco a pouco. Dentro desses 2% a 5%, existe uma parcela de casos de lesões que têm potencial de virar câncer, mas não vão virar, ou, se tiver tempo o suficiente, vão virar cancerígenas”, afirma o profissional do Instituto do Câncer do Ceará (ICC).


Como identificar os sintomas do HPV

Devido a essa ação lenta dentro das células, o HPV pode levar até 20 anos para evoluir até um câncer e por isso pode ser facilmente rastreado. Para as mulheres, a principal forma de detectar a ação do vírus é o exame preventivo do colo do útero, popularmente conhecido como papanicolau. O método identifica as lesões dentro das mucosas como vulva e vagina antes que elas evoluam para um câncer e causem danos mais graves à saúde. No caso dos homens, a percepção pode ser realizada de forma mais simples, por meio da observação de lesões ou verrugas na glande e na base do pênis. A infecção pode ser combatida pela vacinação, em especial de pessoas que ainda não iniciaram a vida sexual, e uso de preservativos para os sexualmente ativos. Para mais informações sobre o tratamento e as vacinas, acesse a página do MS.


*Fonte: O Povo