O REI ESTÁ NÚ?
Hoje lembrei-me de um conto atemporal de Hans Christian Andersen, que sempre usava como ferramenta pedagógica nas aulas de Introdução a Filosofia, aos meus alunos do curso de Pedagogia: O Rei está nu!
É um conto que trata da vaidade humana. Quanto maior a vaidade, mais tolos nos tornamos. E infelizmente costumamos alimentar a vaidade uns dos outros.
Recordo-me que este conto nos levava a várias reflexões filosóficas.
Ironicamente, a frase traduz uma lúcida e sombria percepção da realidade: O rei está nu!
Começo a relembrar de algumas percepções: É preciso ver as coisas como elas são, as coisas são como vemos a partir dos nossos olhos, não precisamos nos fingir de cegos ou tirar os olhos alheios a força.
Paul Karl Feyerabend, filósofo austríaco, afirmava que o importante na experiência é a luz que ela traz sobre o pensamento, não o fato de achar ou comprovar uma "verdade", principalmente porque o mesmo fato será diferente conforme o observador/analista o veja de uma ou outra forma.
O conto, servia para nas aulas de filosofia representar metaforicamente as normas, convenções e valores que são socialmente construídos. Os "súditos" do rei vêem de acordo com o que está socialmente acordado, estabelecido, legitimado. O mecanismo social faz com que quase todos discursem que o rei está maravilhosamente vestido.
É o produto das convenções estabelecidas: ninguém ousa contestar, e passa a ver e admirar a roupa.
E na vida é assim! Muitas vezes a gente vê, mas não quer acreditar. Você vê, mas não enxerga que o rei está nu, faz de tudo para acreditar no contrário. Não quer se mostrar louco ou estúpido, diferente dos demais, em discrepância com os valores e pensamentos socialmente aceitos.
Todavia ,Ser rei não te desobriga a enxergar o vazio.
A verdade não precisa ser adornada, devemos falar a verdade simplesmente, com honestidade e caridade.
Quem ousa responder? O REI ESTÁ NÚ?
Por uma humanidade melhor?
Jacqueline Braga