quinta-feira, 11 de abril de 2024

Exposição com artista brejossantense abre Semana de Arte em São Paulo


A OMA Galeria inaugurou, no último dia 02, a exposição Vórtex. Com curadoria de Lucas Dilacerda, a coletiva desloca o olhar para o Ceará e apresenta um recorte da produção artística contemporânea do estado. Com a participação de quase 40 artistas, naturais de diversas cidades do estado, indo da capital aos sertões e interiores, a exposição aborda diferentes discussões sob uma nova perspectiva.

Apresentando a riqueza da produção artística da região, a mostra tem como objetivo desfazer a visão estereotipada que o Sudeste tem sobre o Ceará. Como escreve Lucas Dilacerda no texto curatorial, “Se foi São Paulo quem por muito tempo se autodeterminou porta-voz da arte brasileira, não nos resta brigar pela partilha do bolo, mas sim dizer que não nos falta nada, pois já temos tudo. Se Brasil é o nome de um projeto colonial, Ceará é o nome de uma parábola fantástica.”

Os mais de 40 trabalhos passam por pintura, desenho, escultura e colagem para abordar temas como magia, corpo, ancestralidade, espiritualidade, território e natureza, fugindo das categorizações tradicionais da arte brasileira.  Além da diversidade de técnicas e temáticas, as obras oferecem um vislumbre dos diferentes mundos sociais, políticos e culturais que coexistem no Ceará.

O artista FluxoMarginal, natural de Crato, aborda em suas pinturas a tradição nordestina a partir de uma perspectiva decolonial. A pintura em acrílica “Os ancestrais vêm comigo” é inspirada pelos saberes originários das margens do rio Jaguaribe, celebrando o movimento e a proteção recebidos dos ancestrais daquela região.

Ferrerin, fotógrafo da cidade de Brejo Santo, propõe ficções sobre afetividades transmasculines e não binárias com o autorretrato “Vamos chamar o vento”, parte da série “Transnordestine”. A colagem digital reúne alimentos ligados às migrações e à ancestralidade cearense com imagens de obras construídas pelo governo federal nas terras do Kariri, como a Ferrovia Transnordestina e a Transposição do Rio São Francisco.

Natural de Ceilândia (DF), Amanda Nunes da Silva se mudou ainda na infância para o interior do Ceará. Na pintura “Volte sempre a si mesma”, investiga a busca da identidade e da própria história como formas de encontrar o autoconhecimento e acolhimento que possibilitam a construção um futuro digno.

A mostra fica em cartaz até 04 de maio e tem entrada gratuita.

*DAS ARTES