domingo, 5 de maio de 2024

Cariri - Após perder a irmã, manicure cria grupo de ajuda para apoiar pessoas com vício em jogos de azar na internet


“Tem hora que eu não acredito no que eu tô vivendo. Aí quando a ficha cai, parece que o mundo está desabando de novo”, conta a manicure cearense Jessica Lobo, de 31 anos. Após perder a irmã, a vendedora autônoma Ângela Maria Camilo, para o vício em jogos de azar, Jessica tem se engajado na internet para alertar outros usuários dos riscos desse tipo de jogo, e até formou grupos em aplicativos de conversa para ajudar pessoas viciadas. Hoje, já são três grupos de apoio online.

Nos últimos meses, Jessica vem utilizando as redes sociais para se manifestar contra jogos de azar. Um dos desabafos de Jessica viralizou, e a enxurrada de mensagens que recebeu a fez ter a ideia de criar um grupo no qual todos pudessem compartilhar suas dificuldades com os jogos de aposta online.

“Hoje eu acabo dando uma atenção específica para cada pessoa antes dela entrar no grupo, entendendo um pouco da história dela, conversando um pouco para que ela já chegue no grupo e eu saiba quem é ela, para que ela não chegue lá de paraquedas e fique falando aleatoriamente sozinha”, explica Jessica.

Natural de Missão Velha, na região do Cariri cearense, Jessica morava em São Paulo há oito anos quando recebeu a notícia da morte da irmã, no último dia 12 de dezembro.

Ângela tirou a própria vida após se ver afundada em dívidas. A extensão total da dívida ainda é incerta, mas entre empréstimos e cartões de crédito, está na casa de centenas de milhares de reais.

Familiares descobriram que a vendedora estava há mais de um ano e seis meses realizando apostas altas – e perdendo muito mais dinheiro do que possuía - nos jogos online de azar da plataforma Blaze, entre eles, o chamado Jogo do Aviãozinho, cuja operação ilegal no Brasil é investigada pela Polícia Civil de São Paulo.

“Na minha cabeça a minha irmã era um caso isolado”, conta. No entanto, após a criação dos grupos de apoio online, Jessica descobriu que há muitas outras pessoas na mesma situação. "Hoje, todos os dias chega nos grupos alguém que está viciado, alguém que está sem solução, que acha que a única solução é morrer".

*G1.