quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Brejo Santo, Porteiras e mais 13 cidades da Chapada do Araripe terão áreas reflorestadas até 2026 para conter crise do clima


A possibilidade de desertificação ameaça um território-abrigo para árvores, animais, fontes de água e populações do Ceará, Pernambuco e Piauí: a Chapada do Araripe. Por lá, um grupo atua com a missão de reflorestar uma área de 500 hectares – algo como 500 campos de futebol – com 1,2 milhão de árvores nativas. Essas ações para a conservação da caatinga começaram há dois anos e seguem até 2026.

A primeira metade da iniciativa aconteceu com a mobilização de proprietários formalização de parcerias com nove instituições, capacitações, identificação de 30 propriedades para implantação de agroflorestas e mapeamento de mais de 30 nascentes.

Os recursos para a continuidade do projeto estão garantidos e o grupo atua na região onde desmatamento e as queimadas estão entre os principais problemas ambientais. Isso ligado ao manejo de fogo para uso do solo com finalidade de agricultura ou pastagem. A Área de Proteção Ambiental (APA) da Chapada do Araripe possui 972.605,18 hectares.

É nesse contexto que atua a Rede de Conservação e Restauração da Chapada do Araripe, que é uma iniciativa do Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan), uma organização sem fins lucrativos criada na Universidade Federal de Pernambuco. Para isso, há um apoio do Fundo Socioambiental da Caixa Econômica para a realização das atividades.

As metas envolvem:

- Restauração florestal de 500 hectares;
- Implantação de 30 sistemas agroflorestais;
- Realização de capacitações;
- Estruturação de mercados locais de sementes e mudas de espécies nativas, entre 2022 e 2026.

O grupo também pretende engajar comunidades tradicionais para as demandas do projeto.

As propriedades são usadas, principalmente, para a produção de alimentos como mandioca, feijão, milho, pequi e banana. Também há uma atuação forte na pecuária com a criação de bovinos e caprinos. Além disso, alguns se dedicam à apicultura e à produção de soja. 

Além de atuar diretamente com proprietários de terras que podem ser acompanhados pelo grupo, há um objetivo de gerar recursos para a comunidade por meio da coleta de sementes nativas e produção de mudas que são utilizadas para o reflorestamento.

Saiba 10 espécies usadas no reflorestamento e o uso:

- Jatobá (Hymenaea courbaril L.): Alimentícia, Medicinal
- Pau-d’óleo (Copaifera langsdorffii Desf.): Medicinal
- Aroeira (Astronium urundeuva): Medicinal
- Angico (Anadenanthera cf. colubrina): Madeireiro, Medicinal, Melífero, 
- Jacarandá-violeta (Ducke): Madeireiro, Melífero, Ornamental
- Jucá (Libidibia ferrea): Celulose, Forrageiro, Madeireiro
- Jurema-preta (Mimosa tenuiflora): Cosmético, Forrageiro
- Umbú (Spondias tuberosa): Alimentício, Artesanal, Madeireiro
- Mandacaru (Cereus jamacaru DC): Alimentício, forrageiro
- Timbaúba (Enterolobium contortisiliquum): Artesanal, Forrageiro, Madeireiro.

Além do plantio, são implantados sistemas agroflorestais para diminuir o impacto da agricultura tradicional sobre o meio ambiente e melhorar a segurança alimentar da população. Nesse caso, árvores ou arbustos são combinados de maneira planejada para diversificar a produção e proteger o solo.

Municípios cearenses na Chapada do Araripe:

- Abaiara
- Araripe
- Barbalha
- Brejo Santo
- Campos Sales
- Crato
- Porteiras
- Jardim
- Jati
- Missão Velha
- Nova Olinda
- Penaforte
- Potengi
- Salitre
- Santana do Cariri

*Diário do Nordeste.
Foto: Candice Ballester/Iphan