quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Polícia descobre que PM pode ter assassinado motorista durante discussão no trânsito



Denúncias anônimas e imagens compartilhadas em redes sociais levaram a Polícia Civil a investigar a possível participação de um policial militar no assassinato de um motorista de aplicativo, ocorrido em 19 de setembro de 2018, em Fortaleza. O crime aconteceu após uma discussão no trânsito, motivada por um acidente.
Naquele dia, o motorista Walter Gomes Azevedo, de 38 anos, trafegava pela Avenida Filomeno Gomes, no Bairro Jacarecanga, quando, ao fazer um retorno, colidiu com a motocicleta onde estavam o cabo da Polícia Militar José Otaviano Silva Xavier e sua esposa. Apesar do impacto, o casal não sofreu ferimentos.

Imagens de câmeras de segurança mostram que Walter parou o veículo para conversar com o casal, momento em que o policial iniciou uma discussão, proferindo xingamentos. Pouco depois, Walter foi atingido por três tiros enquanto passava em frente a um shopping popular. Ele era casado e deixou a esposa e três filhos.
Inicialmente, testemunhas relataram que a vítima havia sido atacada por um casal em uma moto que fugiu do local. Contudo, as investigações revelaram que o condutor da motocicleta era, na verdade, o policial José Otaviano, que agora enfrenta acusações de homicídio qualificado.

A Controladoria Geral de Disciplina instaurou um Conselho de Disciplina para apurar as condutas do policial e sua capacidade de permanecer na corporação, conforme publicado no Diário Oficial do Estado na última segunda-feira. José Otaviano também é investigado em outro processo por suposta participação em uma milícia formada por PMs, que cometeu diversos crimes na capital cearense, especialmente na região do Grande Pirambu.

Em novembro de 2018, dois meses após o crime, a polícia divulgou as imagens do acidente, o que resultou em pelo menos três denúncias anônimas que identificaram o casal nas filmagens como sendo José Otaviano e sua esposa.

Durante a investigação, a Perícia Forense comparou as imagens das câmeras de segurança com fotos do policial nas redes sociais, encontrando evidências que ligavam Otaviano ao crime, como a mesma motocicleta e o mesmo tênis verde usados no dia do assassinato. Uma tatuagem no antebraço esquerdo do policial também foi um detalhe crucial para sua identificação.

Além disso, durante a interceptação de ligações, Otaviano mencionou ter se arrependido de um homicídio cometido "na emoção do momento", que a polícia acredita ser o assassinato de Walter. A motocicleta utilizada por Otaviano foi vendida dias após o crime, e a arma de fogo, que pertencia à Polícia Militar, foi devolvida à corporação em 2024. Durante as buscas pela arma, a polícia foi informada que ela estava com outro agente, que alegou que havia sido roubada.

Embora testemunhas inicialmente tenham sugerido que a passageira da moto, esposa de José Otaviano, poderia ter sido a autora dos disparos, a investigação não encontrou evidências que corroborassem essa hipótese