Ximba, “Agora Ximba vai”
Eis um bordão que conquistou nossa cidade e que ficará gravado historicamente. Pois é, esta frase tem uma história e quem vai nos descrever é o próprio Vicente Emidio de Sales: “Veio o convite de Dr. Weligthon para me candidatar como vereador ele disse pode escrever: “agora ximba vai...” e foi, fui eleito, foi doce de banana e queijo de manteiga para eu “comer”. Nos palanques ele dizia “aqui quem vos fala é o deputado Weligthon Landim, quero dizer que agora Ximba vai”. E ai pegou...”
Mas quem é Ximba? Vicente Emidio de Sales que nasceu no dia 23 de março do ano de 1958, na cidade de Brejo Santo, filho de um casal muito amado e querido por todos: Expedito Emidio de Sales e Maria das Dores Santana, conhecidos como Téo e Dasdores, Vicente descreve seus irmãos Maria Ivone, Francisca Emídio e Francisca Emídio (duas Francisca Midio), Francisco Emidio, Maria Emidio de Sales, Maria do Carmo, Maria Lúcia, Maria Aparecida, Maria Lúcia, Maria, Boris (Francisco Emidio, João Emidio (Peixinho) e José Emidio. Aproveito a oportunidade para perguntar sobre a vaidade de sua mãe: “Até certo ponto exagerada na vaidade dela, aqueles cordões, aquelas jóias, aqueles anéis, aqueles brincos se destacavam pelo brilho”. Dadores era conhecida pelo seu jeito peculiar de ser e cativar as pessoas. Dasdores possuiu um café, local onde dava apoio as pessoas que vinha do sitio vender suas frutas. Ximba traz na memória e diz com orgulho que seus pais também eram feirantes, vendiam bananas e a banca ficava em frente a farmácia de Ivan Landim. Ele acordava 4 horas da manhã e ajudava Téo com os balaios na cabeça, levando as frutas do café até a banca.
Dando continuidade a história de Ximba, pergunto sobre sua infância, ele revela que fora uma criança brincalhona como as outras da época, sempre frequentou a casa de Pedro Tavares, Sr. Denguinho, Dr. Miranda, Emilio Salviano: “Fui criado no meio desse pessoal”. Achei interessante a origem do apelido XIMBA: “Foi um apelido que eu adquirir, tinha uma pessoa “especial” que todo mundo gostava dele que era Manoel Venâncio, o apelido dele era Sapiranga. E um dia mexendo com Sapiranga, eu chamando ele de aleijado, naquela época a gente não tinha o respeito que se tem hoje pelas pessoas especiais, eu mexendo com ele da boca dele saiu esse apelido: e tu XIMBA. Então todos, uns 10 meninos esqueceram Sapiranga e começaram a soar de mim com Ximba. Dai veio esse apelido e digo com orgulho, uso como uma marca registrada, é um timbre. Ximba representa uma pessoa humilde, mas do povo, eu acredito nisso”.
Faço uma sequência cronológica e pergunto como foi sua juventude, ele diz que foi sacrificada, pois como os pais eram da roça e feirantes, para ele o Bolsa Família da época era buscar na roça e o trabalho mesmo: “Origem especial, muita humildade, muita simplicidade, mas deixando a firmeza nos passos que a gente dá”. Seus pais foram um exemplo: “Aprender a ler e escrever fui buscar lá escola, mas o comportamento e a educação saíram dos meus pais”. Estudou na escola José Matias Sampaio e Balbina Viana Arrais, na época a média escolar era 7,0, porém havia uma pequena inveja sadia de não ficar só com média, ir além dela para tingir 10,0 e conseguia.
Ximba viajou por outros estados à procura de estabilidade financeira, trabalhou em Tucuruí e quando veio de lá, com ajuda de Arlindo Lucena e Totonho Cândido, os quais ajudavam com tripa e mocotó, montou um ponto de mugunzá onde era o comércio de seus pais, junto com sua esposa Lucélia, ele disse que abriu duas portas na lateral e começou a venda do mungunzá, o qual durou 2 anos, depois outras pessoas da família assumiu, até hoje se preserva este mugunzá.
Em companhia de sua esposa Lucélia foi morar em Guarulhos, local onde trabalhou no aeroporto de Cumbica. Mas Ximba não parou, certa noite, deu um salto da beliche em que dormiu e disse aos companheiros: “Que saber pessoal vou voltar para o Brejo e trabalhar no Banco”, retornou a cidade com o desejo de estudar e trabalhar no banco. De fato, fez dois concursos, fez o da COLCE, passou por dois anos como concursado, no mesmo período fez o da Caixa Econômica passou, neste intervalo da COLCE ficou esperando a Caixa chamar e sonho realizado, local onde trabalhou por 33 anos.
E as escolas de Samba? Ele descreve as escolas que existiram em Brejo Santo: a União (BSUC), Calambeque, Chora Ninguém. Depois vieram os blocos Café com Pão (de sua autoria), o Brecario (Brejo, Crato e Rio) do Saudoso Chiquinho de Pitu. Para Ximba houve uma decadência no nosso carnaval. Surgiu o Axé Music dai, nasceu O XIMBALADA, apesar de existir outros blocos como Agito Santo e Lelê da Cuca, o Ximbalada sobressaía. Acabou o bloco porque acabou o carnaval na cidade.
Ximba foi candidato a vereador por 5 vezes. Seu acesso a politico foi devido seu contato com o povo e como ele mesmo se refere: “A politica é feita para todos os homens de bem”. No ano de 2008 quando fora candidato surgiu o bordão: Ximba vai, até as crianças diziam Vai Ximba, mas infelizmente não fui. Agradece o reconhecimento e aceitação maravilhosa do povo na ultima eleição (2016), mas por motivos superiores não permaneceu e se encontra hoje como Secretário do Meio Ambiente na atual gestão: “O meio ambiente é muito importante, é uma batalha, pois quando se preserva o meio ambiente a cidade se torna mais agradável. Difícil é a conscientização. Como secretaria escolaheria a do meio ambiente, por que possuo um sitio, tenho meu próprio viveiro. Aqui na secretaria há uma sinergia, todos se ajudam.”
Como retribuir a Ximba sua contribuição para nossa história. Saúdo (in memoriam) seus pais: Téo e Dasdores, pessoas raras e que também fizeram suas contribuições para Brejo Santo. Obrigada Ximba, amigo de todos.
Brejo Santo, entrevista realizada em 15 de maio de 2018