domingo, 27 de novembro de 2022

O que se espera depois da Enel

Foto: Henrique Cardozo

Há dois meses o presidente da Enel Brasil, Nicola Cotugno, negou a venda no Ceará; há duas semanas a presidente da Enel Ceará, Márcia Vieira, subscreveu a negativa, mas no dia 22 foi anunciada a venda. Agora a expectativa é de que a sucessora melhore os serviços, esteja preparada para a expansão da Geração Distribuída a estabeleça laços com o estado


A anunciada intenção da italiana Enel de passar para frente as operações no Ceará havia sido negada há dois meses. Foi por ocasião da venda da Enel Goiás para o grupo Equatorial. O presidente da Enel Brasil, Nicola Cotugno, afirmou com todas as letras em setembro: "Não vamos sair de distribuição, não vamos sair do Ceará, São Paulo nem do Rio de Janeiro (...) Vamos focar em geração e eletrificação para permitir o Brasil se descarbonizar". Há duas semanas, em entrevista na rádio O POVO CBN, a presidente da Enel Ceará, Márcia Vieira, ao ser questionada sobre o tema, disse com discreto sorriso: "A declaração do Nicola já basta, não é verdade?". Acabou não bastando. Decerto, ela também foi surpreendida pela decisão.


Na entrevista, Márcia fez questão de isolar a venda em Goiás, mas deixou um recado em energizadas entrelinhas: "A estratégia já aconteceu, foi declarada, eu acho importante tranquilizar. A gente tem que estar olhando sempre as possibilidades, mas nós estamos bem e deixaria claro que acompanhem o Capital Markets Day agora em novembro (ocorreu no dia 22, terça-feira). Brevemente nós vamos ter toda a estratégia do Grupo Enel no mundo para que a gente possa acompanhar como sociedade". Então, foi neste dia em que Francesco Starace, presidente mundial, fez o anúncio.


Nos corredores da Enel Ceará e das prestadoras de serviço não havia expectativa da placa de Vende-se, mas indícios de mudanças. À boca-miúda, funcionários vinham preocupados ante alterações em protocolos internos e mudanças em postos. Desde a primeira concessionária, a espanhola Endesa, a antiga Coelce lidou com bons e maus momentos. Os índices de acidentes de trabalho foram um problema sério no passado. Noutras fases, os fios soltos na interlocução com o estado. O chileno Cristián Fierro foi um dos presidentes mais ativos. Outros foram bem distantes. Márcia, no cargo desde maio do ano passado, a primeira mulher e também cearense, foi um movimento visto com bons olhos, mas que agora poderá ser interrompido.

 

*Para ler mais acesse a coluna do jornalista Jocélio Leal no O POVO+.