Em meio ao sertão do Cariri, as artesãs do grupo “Sertanejas de Fibra” resgatam uma matéria-prima inusitada e sustentável: a fibra da bananeira. Patrícia Baraúna Maia, uma das líderes do grupo em Brejo Santo, conta que conheceu essa arte por meio das mulheres da Fibrart, em Missão Velha, e viu ali a chance de transformar um material abundante na região em arte e sustento. Ao lado de outras mulheres, Patrícia buscou apoio para aprender as técnicas e, com o incentivo da Secretaria de Cultura local, deram início à produção.
O processo é minucioso. Com uma faca afiada em mãos, as artesãs extraem finas camadas dos troncos da bananeira e as deixam secar ao sol, até que estejam prontas para serem trançadas, tecidas ou crocheteadas em cestas, bolsas e outros objetos decorativos. As bolsas, criadas com um toque de crochê e bordado, são o xodó de Patrícia. “É algo que traz um pouco da nossa identidade e do nosso amor pela arte, ” diz a artesã.
A escolha pela fibra de bananeira não é apenas estética, mas também ambiental. “É um material que seria descartado, então aproveitamos algo que a natureza nos oferece de forma sustentável, ” explica Patrícia.
Além de explorar a fibra, o grupo planeja incorporar materiais recicláveis, como madeira, papelão e até conchas, ampliando ainda mais o impacto ambiental positivo.
O reconhecimento também já chegou. Ver as peças em lugares como o café cultural Seu Chico, Casa do Artesanato e participar de eventos como a Feira Nacional de Artesanato e Cultura (Fenace) são conquistas que Patrícia celebra com orgulho. Ela espera que, no futuro, o grupo possa expandir, ensinar outras pessoas e transformar essa arte em uma tradição regional. Para quem aprecia o artesanal, Patrícia deixa uma mensagem: “Cada peça que criamos é uma conexão com a natureza e uma celebração da cultura local. É mais do que um trabalho; é nossa forma de manter a tradição viva e sustentável. ”
